Apenas uma semana após ter anunciado “investimentos na Argentina”, a multinacional norte-americana Cargill, a maior exportadora de grãos e óleo do país, começou demissões em suas fábricas de Punta Alvear e Bahía Blanca. Com a confirmação de 45 cortes, imediatamente os trabalhadores paralisaram as unidades, duas das principais produtoras de alimentos e provedoras de serviços agrícolas da nação vizinha.
Enquanto o repudiado presidente Maurício Macri dialogava amigavelmente em Davos, na Suíça, com o CEO de Cargill, David MacLennan, o Sindicato da Alimentação de Rosário protestava junto às autoridades locais, exigindo a suspensão da política de cortes. “Assim que a empresa ofereceu seu Plano de Demissão ‘Voluntária’, os trabalhadores responderam que não lhes interessava. Depois disso, começou a pressão”, denunciou Sergio Díaz, secretário de comunicação do Sindicato.
Somente no primeiro semestre de 2017, a Cargill produziu 195 mil toneladas a mais que no mesmo período de 2016, incrementando consideravelmente suas vendas de grãos, óleos e subprodutos ao exterior. “São números que demonstram que as demissões não têm relação com a crise. Interpretamos como um ataque à unidade e à organização sindical”, declarou Díaz, alertando para o fato dos cortes de pessoal ocorrerem justamente no momento da campanha salarial. Na avaliação do dirigente, as demissões vêm para forçar o arrocho. “A situação é muito complicada. O governo quer fixar um teto de 15% nos reajustes e defendemos que não poderá ser inferior a 25%”, frisou.