Representantes da União Industrial Argentina, UIA; da Associação de Industriais Metalúrgicos da República, ADIMRA; Câmara Industrial de Laboratórios Farmacêuticos Argentinos, CILFA; a Confederação Geral Empresária, CGERA e a Marinha Mercante, entre outros setores industriais e do trabalho, manifestaram sua preocupação e desconforto diante do avanço das negociações do acordo entre o MERCOSUL e a União Europeia que está sendo negociado pelo governo de Mauricio Macri.
“Todas as atividades nesse sentido despertam sérias dúvidas. Nos deixam em uma posição de muita debilidade. O risco é que acabemos exportando couro salgado e importando o valor agregado de nossas matérias primas”, assinalou Alfredo Luenzo, presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado, depois da reunião realizada por essas entidades. Denunciaram a falta de informações sobre o curso dessas negociações.
“Há muita preocupação porque modifica o marco jurídico. Está se negociando a portas fechadas e não temos informação. Não conhecemos que tenha sido feito um estúdio de impacto econômico e lamentavelmente o governo disse que quer assinar sim ou sim em dezembro”, disse Isaías Drajer, presidente da CILFA. “Dentro das colocações da UE está a extensão das patentes de 20 a 25 anos. Isso implica o freio no vencimento para muitas patentes, com o que as empresas nacionais não poderiam oferecer medicamentos a preços mais reduzidos porque as patentes manteriam sua posição monopólica”, disse Mariano Genovesi, gerente de assuntos jurídicos de Câmara Industrial de Laboratórios Farmacêuticos.
O presidente da Associação de Industriais Metalúrgicos, Juan Carlos Lascurain, advertiu que com esse acordo “se lhe dá status nacional às empresas europeias e não está se contemplando as assimetrias e o impacto que vá gerar. Muitos setores das pequenas e medias empresas têm hoje grandes problemas que esse acordo aumentará”.
Marita González, que integra a Confederação Geral do Trabalho e a Secretaria Técnica do Foro Consultivo Econômico e Social do Mercosul, manifestou que “preocupa a pressa da assinatura do acordo em dezembro. Haverá forte impacto do ponto de vista do trabalho. O setor de autopeças está comprometido. Acreditamos que fábricas vão sair do país”.
“Não estamos de acordo com que para vender mais toneladas de carne nosso país deva rebaixar suas tarifas industriais. A Europa não quer diminuir os subsídios que outorga a seus agricultores mas exige que abramos mão de nossa indústria”, acrescentou Ariel Aguilar, da CGERA.