
Manifestantes voltaram a protestar na Praça do Congresso, em Buenos Aires, para dizer não aos cortes do governo Milei
Entidades sindicais, sociais e de mulheres voltaram a concentrar milhares de manifestantes nesta quarta-feira (4) na Praça do Congresso, em Buenos Aires, em repúdio à política de arrocho fiscal do governo Javier Milei, que usa os cortes para fazer caixa ao Fundo Monetário Internacional (FMI) comprometendo salários, pensões e aposentadorias, a saúde, a educação e o sistema científico e tecnológico da Argentina.
Na avaliação das entidades feministas, o objetivo foi alcançado: “com milhares de pessoas na Praça do Congresso e ao redor, a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, não conseguiu aplicar seu protocolo criminal, nem realizar seu desfile de motocicletas, espingardas, spray de pimenta e jatos de água de todas as forças federais”.
O protesto repete a reivindicação unitária dos idosos que retornam todas as quartas às ruas para exigir uma aposentadoria que lhes permita viver com dignidade. “Não é um privilégio, é um direito humano”, sublinham.
Segundo dados do Instituto Argentino de Análise Fiscal (Iaraf), os benefícios de pensões e aposentadoris tiveram uma redução real de 33% somente nos dois primeiros meses do ano.
CORTES TÊM INVIABILIZADO O SETOR PÚBLICO
Em resposta ao brutal arrocho e aos cortes orçamentários que têm inviabilizado o setor da saúde público, a Associação Nacional de Trabalhadores do Estado (ATE) lançou uma greve nacional a partir da meia-noite desta quinta-feira (5), frisando que a política ultraneoliberal adotada tem se traduzindo em perda de pessoal altamente qualificado, intimidação e perseguição.
“Está claro que o governo de Milei não quer resolver conflitos como o do Hospital Garrahan, onde as crianças estão com sua vida sob risco. Se eles pensam que vão nos cansar, estão enganados. Intensificaremos todas as medidas. Eles querem transformar a saúde em um negócio. Não permitiremos que aqueles que têm dinheiro sejam curados e aqueles que não têm dinheiro morram”, afirmou Rodolfo Aguiar, secretário-geral da ATE nacional.
“Estou nas ruas. Estou aqui com os aposentados. Estou com os médicos residentes do Garrahan. Estive com o pessoal da ciência. Estou nas ruas, onde precisamos estar com nossas reivindicações”, declarou o prefeito de Esteban Echeverría, Fernando Gray, que participou da marcha em frente ao Congresso, frisando que “o peronismo é isso: estar ao lado dos mais necessitados, da classe trabalhadora, das pessoas com deficiência”.
A advogada Marcela Campagnoli, deputada da Coalizão Cívica – Afirmação para uma República Igualitária (CC-ARI) criticou o governo em meio à discussão sobre o reajuste das aposentadorias. “Estamos em uma vetocracia, onde o presidente veta tudo o que não está na pauta oficial”, condenou, enfatizando o absurdo de se fazer uma política fiscal “à custa dos mais vulneráveis”.
“O Estado tem a obrigação internacional de respeitar e garantir o direito a um padrão de vida adequado para os idosos”, assinalou a Anistia Internacional, confirmando que o sistema previdenciário se deteriorou no último ano, principalmente devido à política de arrocho fiscal.