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Dirigentes da Associação dos Trabalhadores do Estado denunciam, nas ruas de Buenos Aires, que milhões de beneficiários estão perdendo cobertura médica e de medicamentos
Em meio a uma sucessão de escândalos presidenciais que incluem golpes multimilionários com criptomoedas, cortes de aposentadorias, salários e direitos sociais de várias categorias, a Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE) mobilizou milhares de pessoas frente à sede central do Instituto Nacional de Serviços Sociais para Aposentados e Pensionistas ( PAMI), denunciando a situação crítica da previdência social para aposentados que mantém mais de 5 milhões de beneficiários sem cobertura.
“A autoridade presidencial está minada e a imagem do governo em frangalhos. Nós, trabalhadores do Estado, não podemos dar-lhe qualquer trégua. Precisamos aumentar a mobilização contra essas barbaridades em todo o país. Isso é golpe por golpe”, conclamou Rodolfo Aguiar, Secretário Geral da ATE Nacional, em ato no centro de Buenos Aires, nesta quinta-feira.
“Precisamos impedi-los de continuar saqueando o orçamento da previdência social, deixando milhões de aposentados abandonados e sem benefícios. O PAMI é uma das maiores organizações sociais do nosso país e seu princípio fundador sempre foi a solidariedade, mas agora querem transformá-lo em uma simples coordenadora de negócios, com corporações médicas privadas sendo as únicas beneficiadas”, acrescentou o líder.
As principais reclamações da Associação em relação à situação da organização social incluem uma série de irregularidades, como atrasos excessivos na entrega de medicamentos e a ausência deles; falta de compra e fornecimento de itens de fisioterapia durante esta gestão (bengalas, cadeiras, camas, colchões, entre outros); superfaturamento e falta de contratação de médicos especialistas; e a cobrança ilegal de taxas adicionais e tarifas diferenciadas para aposentados; entre outras questões.
PROTESTOS DEVEM SE MULTIPLICAR
“Precisamos aumentar, multiplicar os protestos em todos os escritórios do país, não só para impedir seu fechamento, mas também para conseguir sua normalização definitiva e garantir o cumprimento da Constituição e da lei, restituindo o PAMI aos seus verdadeiros donos, que são os aposentados. O trabalho social deve ser gerido por uma diretoria com a participação de trabalhadores ativos e aposentados”, frisou Rodolfo Aguiar.
A mobilização repudiou a redução “à sua mínima expressão” da Secretaria da Infância, Adolescência e Família, ou seja, do antigo Ministério do Desenvolvimento Social. Segundo o sindicato, o governo está planejando “o extermínio das políticas sociais”, o que é “muito grave” num contexto de “aumento da pobreza e da exclusão”.
O sindicato também alertou sobre congelamentos salariais e demissões no PAMI que colocam em risco o bom funcionamento do trabalho social, lembrando que vários escritórios (principalmente nas diferentes províncias do país) foram fechados devido a demissões ilegais de trabalhadores realizadas descontroladamente pelo governo de Javier Milei.
A repressão policial que impediu a realização de várias ações previstas para hoje, atacando diretamente o direito constitucional de greve e manifestação, foi denunciada e condenada pela ATE.
DENÚNCIA DE AMEAÇAS DE DEMISSÕES
No mesmo dia, vários setores a organização sindical também realizaram uma manifestação no Ministério do Capital Humano, denunciando a drástica redução e eliminação de políticas sociais, bem como a ameaça de 2.800 demissões até o final do mês.
“O Governo pretende continuar a desmantelar todos os programas e políticas sociais que visam assistir os grupos sociais mais vulneráveis. No final do mês, quase 3.000 contratos de funcionários neste setor expiram e todos esses vínculos deveriam ser renovados automaticamente. A destruição desses empregos resultará na perda imediata de direitos de um enorme segmento da sociedade”, concluiu Rodolfo Aguiar.
“Este governo fala de eficiência, mas o que está fazendo é desmantelar o Estado e deixar milhões de pessoas em desespero”, afirmou Ingrid Manfred, delegada de Capital Humano da ATE. “Somos a primeira linha de defesa dos que menos têm e não permitiremos que nos silenciem”, garantiu.