
A Polícia Federal teve acesso a mensagens indicando que empresários buscaram a ajuda de Jair Renan Bolsonaro, filho ‘Zero Quatro’ de Jair Bolsonaro, para se reunir com o chefe do Executivo no Palácio do Planalto e obter agendas no governo federal.
A PF investiga se o ‘Zero Quatro’ chegou a interceder em favor de seus parceiros comerciais em troca de patrocínios. As informações são do jornal “O Globo”.
Uma das mensagens analisadas pela PF é um áudio de WhatsApp enviado pela arquiteta Tânia Fernandes, responsável pela reforma do escritório do filho do 7presidente em Brasília e por desenvolver um projeto de parceiros comerciais dele no Espírito Santo.
Na gravação, a arquiteta diz que “seria muito interessante” a presença de Jair Renan em uma agenda com empresários no Palácio do Planalto “porque o teu acesso (a Bolsonaro) é mil vezes mais fácil”.
Em setembro de 2020, Jair Renan viajou ao Espírito Santo para conversar com empresários interessados em patrociná-lo e fazer negócios com o governo. O encontro tinha como objetivo apresentar ao ‘Zero Quatro’ um modelo para a construção de casas em pedra de granito.
Tânia Fernandes diz em outra mensagem obtida pela PF que conversou com Joel Novaes, assessor da Presidência, sobre uma visita dos empresários John Thomazini e Wellington Leite, do Espírito Santo, ao Planalto. O objetivo seria apresentar ao presidente o projeto para construção das unidades habitacionais com pedra de granito.
Em novembro de 2020, um desses empresários conseguiu uma agenda com o então ministro Rogério Marinho, do Ministério do Desenvolvimento Regional, para tratar do assunto. Segundo nota divulgada pela pasta, a audiência foi solicitada “pelo senhor Joel Fonseca, assessor especial da Presidência da República”.
A reunião contou com a presença de Jair Renan, de Tânia Fernandes e de Allan Lucena.
Em outra mensagem analisada pela PF, o personal trainer Allan de Lucena disse que Jair Renan seria o “padrinho” do projeto das unidades habitacionais. O mesmo grupo empresarial doou um carro elétrico de R$ 90 mil a um projeto social do educador físico, que, em depoimento, afirmou que ele utilizava o veículo.
O filho de Bolsonaro nega, claro, que tenha feito tráfico de influência e alega que usaram o seu nome para obter ganhos pessoais.
A PF investiga se a empresa de Jair Renan, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia – criada no final do ano passado, foi fundada para promover articulações entre a Gramazini Granitos e Mármores Thomazini e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
Segundo o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), a Polícia Federal “pegou Jair Renan, o imberbe “Zero Quatro”, com a boca na botija em caso explícito de tráfico de influência”. “Abria as portas do poder a empresários em troca de benesses. Essa turma está se lambuzando na mamata. Bangu vai virar o novo Vivendas da Barra”, comentou.