
“PIB deve subir 2,3% em 2025, o menor crescimento em cinco anos”, aponta a entidade. “A desaceleração da economia está sendo mais forte do que o esperado e o BC dá sinais de que vai elevar ainda mais a taxa Selic”, alerta
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou para baixo a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, de 2,4% para 2,3%, conforme divulgado no Informe Conjuntural do primeiro trimestre, nesta quinta-feira (24). Caso confirmada a projeção, a entidade alerta que essa seria a menor expansão da economia brasileira nos últimos cinco anos, representando uma queda de 1,1 ponto percentual em relação ao resultado de 2024 (3,4%).
Pelas projeções da CNI, o PIB da indústria de transformação será de 1,9%, o que significa uma forte desaceleração em relação ao resultado obtido no ano passado (3,8%). Com isso, o PIB Industrial geral estimado seria de 2,0%, ficando também bem abaixo do resultado do ano anterior (3,3%).
O diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, atribuiu a revisão aos sinais de nova alta na taxa Selic pelo Banco Central (BC), que deve intensificar ainda mais a desaceleração econômica já em andamento.
“Reduzimos um pouco a projeção de crescimento do país para esse ano, porque a desaceleração da economia está sendo mais forte do que a CNI esperava e porque o Banco Central dá sinais de que vai elevar ainda mais a taxa Selic”, afirma.
Sérgio Telles destaca que “a produção industrial andou de lado no primeiro bimestre. Ficou estável em janeiro e cresceu apenas 0,1% em fevereiro. O mesmo acontece com o setor de serviços, que avançou 0,2% em fevereiro frente a dezembro”, disse. “O comércio está um pouco melhor por causa de algumas peculiaridades, principalmente por uma base de comparação fraca”, completou.
A CNI projeta que o Banco Central elevará a Selic em 0,5 ponto percentual na próxima reunião, mantendo-a em 14,75% até o fim do ano. Com isso, a taxa de juro real deve fechar 2025 em 9,8% ao ano, ante 7% em 2024.
CRÉDITO CARO E CORTES DE INVESTIMENTOS PÚBLICOS
A CNI estima que os gastos do governo terão crescimento real de 2% em 2025, abaixo dos 3,7% de 2024, reflexo do corte de despesas públicas aprovado no ano passado. A entidade da indústria também aponta que no mercado de trabalho a expansão ocorre em ritmo mais lento, mas a baixa taxa de desemprego deve sustentar ganhos reais de rendimento acima da inflação.
Já o consumo das famílias deve aumentar 2,2% neste ano, o que é menos da metade do registrado em 2024.
A CNI afirma que “ainda que programas como o Nova Indústria Brasil (NIB), o Minha Casa, Minha Vida, e a depreciação acelerada sustentem o investimento, o crédito caro tende a enfraquecer novos aportes. A previsão é de alta de 2,8% do investimento em 2025, uma perda de ritmo relevante na comparação com 2024, quando subiram 7,3%”.
ECONOMIA DESACELERA
Desde o fim de 2024, a economia mostra sinais de perda de fôlego. No quarto trimestre, o PIB cresceu 0,2%, com a indústria registrando alta de 0,3% frente ao trimestre anterior – ainda assim, um ritmo menor que nos períodos anteriores. O setor de serviços avançou apenas 0,1%, o menor crescimento desde o segundo trimestre de 2021, enquanto a agropecuária recuou 2,3%.
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias caiu 1% no quarto trimestre, a primeira queda desde meados de 2021. Os investimentos cresceram 0,4%, desacelerando frente a taxas superiores a 2% nos trimestres anteriores.