Entidades cinematográficas de todo o país lançaram um filme-manifesto que alerta para a grave crise causada pelo governo Bolsonaro que coloca em risco Cinemateca Brasileira.
O vídeo conta com a participação de atores, atrizes, diretores e cineastas que denunciam a demissão de técnicos especializados, redução drástica das atividades e subutilização de equipamentos de ponta. A campanha visa sensibilizar o Poder Público e a Sociedade Civil para a emergência da situação em que a Cinemateca se encontra e em conjunto criar mecanismos para remediar esta crise imediatamente.
“Exigimos que o governo federal providencie imediatamente a dotação urgente e necessária para que a Cinemateca Brasileira volte a funcionar plenamente e em bases seguras para os filmes nela depositados – patrimônio cultural e histórico de nosso país”, destaca o manifesto.
Desde dezembro do ano passado, o governo Bolsonaro deixou de repassar R$ 13 milhões para a manutenção da Cinemateca Brasileira. Segundo o governo, o fim do repasse aconteceu após o rompimento pelo Ministério da Educação, com a Fundação Roquette Pinto que, além de ser a gestora da Cinemateca, também operava a TV Escola.
O Movimento “Cinemateca Acesa” produziu o vídeo manifesto do qual participam Antonio Pitanga, Fernando Meirelles, Alessandra Negrini, Kleber Mendonça Filho, Petra Costa, Marcelo Gomes, Cao Guimarães, Bárbara Paz, Alessandra Negrini, Mariana Ximenes, João Miguel, Fabrício Boliveira, Marcelo Machado, Tata Amaral, Fernando Alves Pinto, Marina Person, Simone Spoladore, Fabiula Nascimento, Débora Butruce, Enrique Díaz, Gilda Nomacce, Sabrina Fidalgo, Guta Ruiz, Fernanda Viacava e Lilian Santiago.
A Cinemateca Brasileira é o maior acervo audiovisual da América do Sul. A instituição zela por mais de 250 mil rolos de filmes realizados desde as primeiras filmagens em nosso país, há mais de 100 anos. Lá estão também os acervos da extinta TV Tupi e do Canal 100, as produções da Vera Cruz e da Atlântida e o acervo de Glauber Rocha, além de cerca de 1 milhão de documentos entre roteiros, fotos, livros e cartazes.
O patrimônio da Cinemateca Brasileira vai além do que seu precioso acervo histórico: inclui uma sede tombada e equipada com sala de cinema, além de equipamentos para manutenção, restauro e preservação dos filmes. A Cinemateca também é um corpo de funcionários dedicados, que ali fizeram suas carreiras como técnicos de excelência internacionais.
A instituição também está com dificuldades para pagar a conta de luz, que pode ser cortada. Além disso, a empresa que faz a manutenção da refrigeração da Cinemateca deixou de atendê-la esta semana, por falta de pagamento. Se houver corte de energia elétrica, podemos dizer adeus à história do audiovisual brasileiro: os filmes mais antigos são feitos em nitrato e entram em combustão quando não mantidos sob refrigeração. Um prejuízo irrecuperável, já que uma parcela significativa do acervo não tem outra cópia além da depositada na Cinemateca.
A situação dos trabalhadores também é grave. Eles estão sem receber desde o início da pandemia de coronavírus. Os movimentos de defesa da Cinemateca também lançaram uma vaquinha virtual para apoiar os trabalhadores.
Caso queira colaborar com um apoio financeiro aos trabalhadores da Cinemateca Brasileira com atrasos de salários e benefícios e em situação de emergência financeira, acesse o site:
https://benfeitoria.com/trabalhadoresdacinemateca