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Desde a última quinta-feira (20), os comerciantes e clientes do comércio popular das ruas 25 de Março e José Paulino, no Bom Retiro, região central de São Paulo, enfrentam problemas no abastecimento de energia elétrica.
A Enel afirmou que o problema é causado pelas altas temperaturas e disponibilizou geradores. Os lojistas afirmam ter prejuízos por não conseguirem atender clientes da forma correta em razão das quedas de energia, que impedem consultas aos sistemas e emissão de nota fiscal.
Além disso, as dezenas de geradores nas portas dos comércios causam outro problema: o barulho. Lojistas e clientes reclamam do ruído constante causado pelos equipamentos.
A região recebe clientes e sacoleiros de diversas regiões do país, que vêm a São Paulo comprar em grandes quantidades. Nessa época do ano, muitos estão atrás de fantasias e acessórios de Carnaval.
A União de Lojistas da 25 de Março (Univinco) afirmou que há prejuízos, também porque clientes deixam de ir à região pensando que não há energia. Todos os lojistas que foram afetados contam com a energia dos geradores, acrescentou.
A Enel afirmou que as altas temperaturas registradas por dias consecutivos causaram aquecimento de galerias no subsolo, danificando alguns equipamentos da rede subterrânea em trechos de ruas como a José Paulino e 25 de Março.
“A companhia disponibilizou geradores para suprir a energia para cerca de 13% dos clientes da rua 25 de Marco e para 15% da rua José Paulino que foram afetados, enquanto realiza os reparos necessários”, afirmou.
Na Galeria Central, na rua Comendador Afonso Kherlakian, adjacente à 25, uma atendente contou que teve que jogar mercadorias fora por causa do desabastecimento. “A geladeira desligou e perdi todos os sorvetes”, contou ela, que não quis se identificar. “O gerador da Enel só chegou na sexta, antes estávamos só com o gerador do prédio.”.
“Ficamos um dia inteiro sem abrir, e até agora não estamos conseguindo trabalhar direito por causa do barulho do gerador”, disse Tamara, gerente de uma loja de eletrônicos na Galeria Aurora, também na rua Afonso Kherlakian. “A Enel vem, mas não explica nada para a gente, não dá nenhuma previsão de quando vai voltar ao normal. Tivemos que comprar luzes de emergência para voltar a funcionar”.
Elenildo, gerente de uma loja de vestuário, disse que chegou a abrir as portas nos dias anteriores, mas perdeu vendas mesmo assim. “Até abrimos, mas, sem energia elétrica, ficamos sem sistema, o ar-condicionado não funciona nesse calor. E essa é a época que mais tem venda”, lamentou. “Ligamos para a Enel e não tinha data para voltar ao normal, e o pessoal não fala para a gente qual é o problema”, disse.
A distribuidora reforçou que o trabalho em rede subterrânea é complexo, envolve atuação em espaços confinados, necessidade de resfriamento prévio das galerias e exige cuidado redobrado com a segurança dos profissionais. Afirmou ainda que equipes da distribuidora seguem atuando na reconfiguração dos trechos danificados, assim como em ações de reforço da rede elétrica que atende à região. Não há prazo para a conclusão dos reparos.
“Na rua José Paulino, a companhia já realizou a troca de um transformador no local e vai conectar os clientes à rede da distribuidora nesta madrugada. Os clientes impactados nos locais afetados seguem com energia, abastecidos por geradores”, afirmou.