Na última sexta-feira (14), completaram-se seis meses desde o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, mortos a tiros dentro do carro no Rio de Janeiro. Até agora, nada foi esclarecido de fato, e ainda restam dúvidas quanto ao motivo e a autoria do crime.
“É difícil editar na cama e imaginar o porquê dessa barbaridade. Eu sei que não criei uma filha para ser odiada, para fazer mal a ninguém. Como eu posso dormir em paz enquanto tiver esse questionamento?”, indaga Marinete Franco, mãe da parlamentar.
O país inteiro, além dos familiares e amigos da vereadora, ainda se perguntam: “Quem matou Marielle Franco?”. O que é certo, são as incertezas perante às pouquíssimas informações divulgadas pelas forças de segurança do Rio de Janeiro. Porém, o interventor federal na segurança pública do Rio, general Walter Braga Neto, prometeu em entrevista ao jornal “O Globo” desvendar o crime até o fim do decreto de intervenção militar em 31 de dezembro.
Nesta sexta-feira (14) o Gabinete da Intervenção Federal informou apenas, numa nota, que as investigações seguem sob sigilo para que sejam obtidas provas que esclareçam o crime.
De acordo com o Jornal Nacional, foi apurado que a polícia possuí duas linhas de investigação sobre os mandantes: um vereador ligado a milicianos ou políticos do MDB envolvidos na Lava Jato.
O deputado Marcelo Freixo, do PSOL, prestou depoimento nesta sexta e falou por quase cinco horas.
“Eles me garantiram que esse é um crime sem precedentes, mas que eles estão perto e que eles vão descobrir em breve quem matou e quem mandou matar”, disse Freixo.
Nesta sexta, também, a única sobrevivente que estava no carro com a vereadora e o motorista, decidiu quebrar o silêncio. Ela falou pela primeira vez desde que entrou para o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, do governo federal.
“É um crime contra a democracia, é bárbaro, é horrendo. E a comunidade internacional está incrédula. É muito angustiante seis meses depois você acordar ainda ouvindo aquele barulho de rajada e sem ter uma resposta”.
Além da falta de informações sobre o caso, familiares de Marielle continuam sendo vítimas de ódio nas redes sociais. Nesse período,muitos memes, correntes e fake news chegaram à família. “Nós cobramos justiça e respeito. As redes sociais nem sempre são território desse tipo de valores”, afirma a irmã da vereadora, Anielle Franco, que lamenta o uso do nome de Marielle por candidatos de diferentes partidos nas eleições desse ano.
De acordo com ela, o histórico de Marielle voltou a ser contestado no último dia 6, quando o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) levou uma facada em ato de campanha, em Juiz de Fora (MG). “As pessoas passaram a comparar os dois episódios e citar a minha irmã no contexto dessa polarização entre direita e esquerda do país. Me marcaram em uma meme asqueroso que dizia ‘mulheres reclama por ganhar menos do que homens, mas Marielle ganhou quatro tiros na cabeça, enquanto Bolsonaro ganhou apenas uma facada na barriga’. Por isso eu me afastei das redes”, explica.