Declaração foi feita por Júlia Lotufo, viúva de Adriano da Nóbrega, ex-chefe da milícia de Rio das Pedras e assassino profissional, à jornalista Juliana Dal Piva, do portal Uol
Em entrevista à jornalista Juliana Dal Piva, no portal Uol, nesta terça-feira (11), Júlia Lotufo, viúva de Adriano da Nóbrega, contou que o pistoleiro tinha parentes participando da rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro e se preocupava em “não atrapalhar Bolsonaro”. “Ele falava que aquele escândalo todo ia atrapalhar Bolsonaro”, relatou a mulher do miliciano.
O ex-Bope e chefe do Escritório do Crime – responsável pelas execuções ordenadas pela milícia de Rio das Pedras -, não gostava de ver o nome da mãe e da ex-esposa envolvida no esquema de corrupção operado por Fabrício Queiroz no gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho “zero um” do “coiso”, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Aguardando a sentença por participação na Organização Criminosa, ela falou que não perdoa por ter sido abandonada em meio ao processo, enquanto a mãe de Adriano, Raimunda Veras Magalhães Nóbrega, e a ex-mulher dele, Danielle da Nóbrega, que aturaram no esquema da rachadinha, se livraram da Justiça.
“Estou envolvida no contexto de um processo milionário e hoje me encontro nessa situação. Minha realidade é totalmente avessa àquilo, né? Sem trabalho, grana, nenhum suporte para viver e para trabalhar”. Sobre a rachadinha de Flávio, Júlia disse que “até onde sei, e todo mundo sabe, elas não trabalhavam no gabinete”, referindo-se à mãe e a ex-esposa de Adriano, que faziam parte do esquema de corrupção no gabinete de Flávio Bolsonaro.
Ela afirma, ainda, que é confundida com a ex-mulher de Adriano sobre o caso. “Ela [Danielle] foi nomeada por 11 anos. Onze anos levando dinheiro, R$ 10 mil por mês para o bolso dela. E agora ela não quer que ninguém fale no nome dela? […} Bateram na casa dela porque a funcionária fantasma era ela, não eu”.
Em delação ao Ministério Público, Júlia afirmou que o miliciano deixou 70 imóveis para a mãe, que não estão sendo investigados pela Justiça.
“Ele falou: ‘Ó, mãe, se alguma coisa acontecer comigo, os apartamentos aqui, você vai, com o Maurício [miliciano acusado na Operação Intocáveis] e tal’. Quando ele morreu, ela veio com aquele papel que ele deu lá atrás e falou: ‘Ele me deu, aquilo lá é meu, é tudo meu e pronto’. Eu falei, tudo bem, porque eu estava no meu limite de sobrevivência, de viver, sabe?”, disse Julia ao MP na delação, que acabou sendo descartada após imbróglio envolvendo a troca de promotores no caso.
Sobre Adriano, ela diz que o miliciano se envolveu com jogo do bicho, que soube de um assassinato encomendado a ele pelo valor de R$ 500 mil e que ele era infértil, quando se submeteu a um tratamento, sem sucesso, para o casal ter um filho. “Eu tomava injeção [de hormônios] e ele mesmo fez uma cirurgia. Tentaram uma punção, não veio, e aí eles abriram o testículo. Ele tomou 20 pontos no saco. Imagina o homem. Ninguém deixa encostar no saco, cara”, contou ela, que tem uma filha de uma relação anterior.
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