Dois assentados do MST foram mortos a tiros. Eles foram velados e enterrados no domingo (12). E, ao menos outros 6 estão feridos, alguns em estado grave
O ataque a tiros que deixou dois mortos e seis feridos em assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Tremembé, no interior de São Paulo, na última sexta-feira (10), segue repercutindo.
No domingo (12), o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) cobrou, por meio da sua rede social, que o “atentado contra os trabalhadores rurais precisa ser punido de maneira exemplar”.
E acrescentou: “É inadmissível que a violência e o banditismo se imponham na disputa por terra até os dias de hoje. Nossa solidariedade ao MST e às vítimas”.
Até o momento foi preso o suspeito de chefiar a invasão, e outro é procurado.
O velório das vítimas foi realizado, neste domingo, e teve a presença da ministra Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania), e o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Social e Agrário).
O QUE OCORREU
O assentamento Olga Benário, do MST, localizado em Tremembé, no interior de São Paulo, foi alvo de ataques na noite da última sexta-feira (10).
O crime ocorreu por volta das 23h, na Estrada Kanegae, o que resultou em mortos e feridos. O número exato de envolvidos ainda não foi revelado pela polícia.
QUEM SÃO AS VÍTIMAS
Até o momento, duas pessoas morreram no local durante o ataque. As vítimas foram identificadas como Valdir do Nascimento de Jesus, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos. Eles foram velados neste domingo (12).
Outras seis pessoas, três homens e três mulheres ficaram feridas por disparos e foram socorridas para o Hospital Regional de Taubaté e o Pronto-Socorro de Tremembé. Até o momento, não há informações sobre o estado de saúde delas.
QUEM SÃO OS ASSASSINOS
Acusado de chefiar o ataque, Antônio Martins, conhecido como “Nero do Piseiro”, foi preso no último sábado (11), após ser reconhecido por testemunhas. Ele passou por audiência de custódia na manhã deste domingo (12), e a Justiça decidiu mantê-lo preso por 30 dias.
A polícia procura outros envolvidos e pediu a prisão do segundo suspeito, identificado como Ítalo Rodrigues da Silva. Na tarde deste domingo, a Justiça de São Paulo autorizou a prisão temporária dele, mas o homem está foragido.
MOTIVAÇÃO DO CRIME
Durante entrevista coletiva, no último sábado, o delegado seccional de Taubaté, Marcos Parra, informou que as evidências iniciais apontam para possível disputa por lote no assentamento como motivação do crime.
“Com o assentamento fechado que é, eles têm ali um entendimento de existir concordância para a admissão de pessoas novas no local. Até onde a gente apurou, essa concordância não teria acontecido nessa comercialização do terreno”, contou o delegado.
“O homem e seu grupo estariam lá para, num primeiro momento, intimidar, mas, como não intimidou e aconteceu, na verdade, uma repulsa da presença deles lá, a gente tem o nascimento de um confronto envolvendo arma branca e arma de fogo e levou a gente para esse resultado trágico de várias mortes e várias pessoas lesionadas”, completou.
INVESTIGAÇÃO PELA PF
O MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) determinou que a PF (Polícia Federal) instaure inquérito para investigar o ataque.
Ainda segundo o Ministério da Justiça, uma equipe da PF — com agentes, perito e papiloscopista — foi até o assentamento para dar início às investigações sobre o crime ainda no sábado. A Polícia Civil de São Paulo também investiga o caso.