O economista Nilson Araújo de Souza, assessor de João Goulart Filho, do PPL, afirmou, em debate promovido pelo Conselho Federal de Economia, com assessores dos presidenciáveis, que os pontos centrais do programa do filho de Jango são a retomada dos investimentos, a geração de empregos e o aumento do poder de compra dos trabalhadores.
“Nós partimos da constatação de que o país vive a crise mais prolongada, mais profunda e mais ampla da história contemporânea do Brasil, causada pela inserção subordinada na economia internacional”, disse o economista. Ele destacou o “parasitismo financeiro” como outra causa que agravou ainda mais a crise. O assessor de João Goulart lembrou que o país está em recessão há quatro anos. “A nossa indústria de transformação está em 11% do PIB, quando ela já foi 30% do PIB. Estamos retrocedendo aos anos 50”, denunciou o especialista. Ele apresentou propostas do pré-candidato para as diversas áreas sociais.
“A posição do João Goulart”, disse Nilson Araújo, “é de que nós não devemos administrar a crise. Os que tentaram administrar a crise esses anos todos só tornaram-na mais grave. O que se trata é de superar a crise e retomar o desenvolvimento”. “Entendendo desenvolvimento como um conjunto de transformações que visem a elevação crescente do bem estar da população”, observou. Ele defendeu que a taxa de investimento do país seja dobrada, de 16% do PIB para 32%.
“A prioridade do governo João Goulart”, segundo o economista, “será o trabalho”. “Segundo o IBGE são 27,7 milhões de desempregados e subempregados. Isso é um drama social profundo. Nossa proposta é a criação de 20 milhões de empregos em quatro anos. Mas não basta isso, precisamos elevar o poder de compra do salário mínimo. E é importante registrar que metade da população trabalhadora ganha até um salário mínimo”, apontou o assessor de João Goulart. “Vamos dobrar o salário mínimo em quatro anos”, propôs.
O economista apontou de onde vêm os recursos para garantir o desenvolvimento do país. “O primeiro é o fim do rentismo. Redução da taxa de juros para os patamares internacionais”, destacou. “Defendemos o fortalecimento dos bancos públicos. O BNDES vai deixar de financiar multinacionais e as empresas chamadas de ‘campeãs’, para financiar as pequenas e médias empresas e as grandes empresas nacionais”, acrescentou.
A terceira fonte de financiamento, segundo o economista, “é a utilização adequada da renda da terra. A renda do petróleo. Tornar a Petrobrás operadora única do pré-sal. Recuperar os campos que estão sendo entregues às multinacionais”. “Isso permitirá garantir que a renda do petróleo seja destinada centralmente ao Estado”, propôs. “Retomar a Vale do Rio Doce e garantir que a renda da mineração seja usada em benefício da população. E, por fim, cobrar impostos do agronegócio”, defendeu Nilson Araújo.
Participaram do debate promovido pelo Conslho dos Economistas os representantes de Aldo Rebelo, Manuela D´ávila, João Amoedo, Lula, Henrique Meirelles, Ciro Gomes e Guilherme Boulos.