O empreiteiro Carlos Rodrigues do Prado afirmou em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, na segunda-feira (19), que Aurélio Pimentel, então assessor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pagou pela obra do sítio Santa Bárbara, em Atibaia. Ele foi ouvido como testemunha no processo da Operação Lava-Jato, que apura se o verdadeiro proprietário do imóvel é o petista.
Segundo o empresário, o então assessor da presidência da República aprovou os valores sem discussão e sem pedir “desconto” em um posto de gasolina próximo à propriedade. “Não teve discussão. Do tipo, ‘ah, isso aqui tá muito caro’. Ou, ‘ah, pode fazer isso mais barato?’”, disse, lembrando que havia pressa para que os trabalhos no sítio fossem concluídos.
Prado acrescentou que, atendendo solicitação de Aurélio, emitiu as notas fiscais da obra contra Fernando Bittar, filho do amigo de Lula e ex-prefeito de Campinas Jaco Bittar, que é o dono do terreno segundo consta no registro de imwóveis.
De acordo com o Ministério Público Federal, a Odebrecht, a OAS e também a empreiteira Schahin, com o pecuarista José Carlos Bumlai, gastaram R$ 1,02 milhão em obras de melhorias no sítio em troca de contratos com a Petrobrás.
O empreiteiro contou ter cobrado R$ 163 mil para fazer a obra, que envolveram a construção de uma guarita e intervenções num galpão do sítio. Ele afirmou que os valores foram pagos por Aurélio Pimentel em espécie e divididos em quatro vezes.
Carlos Rodrigues do Prado relatou que foi chamado para terminar a obra pelo engenheiro Frederico Barbosa, ligado à Odebrecht, que o apresentou a Aurélio Pimentel. De acordo com ele, os trabalhos começaram em dezembro de 2010 e tiveram duração de cerca de 30 dias.
“Eu não sabia nem o nome dele (Aurélio). Depois que eu fiquei sabendo que o Aurélio é uma pessoa que negociava ou acertava os negócios da obra. Inicialmente, a única pessoa que eu conhecia lá era o seu Frederico. Esse Aurélio foi quando eu fiz o orçamento, que eu liguei para o Frederico: ‘olha, o orçamento da obra está pronto’. A gente encontrou em um posto de gasolina que tinha lá antes de chegar na obra e encontrei com o Frederico e esse Aurélio. Ele (Frederico) falou: ‘o dono da obra é esse daqui’. Eu passei para ele, eles conversaram lá e a gente começou a tocar a obra”, contou Prado.
O empresário declarou ainda que fez as obras no sítio, após ter sido procurado por Frederico Barbosa, por medo de perder contratos de serviços futuros com a empreiteira. “Com a insistência dele, me falando que precisava que a gente desse uma ajuda para ele nessa obra, que era muito importante, acabamos cedendo em virtude de trabalhar há muitos anos com a empresa”, disse.