Principal assessor de Carlos Bolsonaro, Rogério Cupti de Medeiros Júnior, recebeu R$ 87,4 mil da UERJ entre julho e novembro de 2022, em plena campanha eleitoral, informa o UOL. Segundo a reportagem, não houve nenhuma transparência nos pagamentos
Documentos obtidos pelo site UOL e divulgados nesta sexta-feira (19) revelam que um grupo de bolsonaristas do Rio de Janeiro desviou R$ 2,4 milhões de verbas da UERJ. O esquema se utilizou de projetos de pesquisas com folhas de pagamento secretas que foram usadas para beneficiar, entre outros, o principal assessor de Eduardo Bolsonaro na Câmara do Rio.
Rogério Cupti de Medeiros Júnior, um dos principais assessores do vereador Carlos Bolsonaro desde 2021, aparece nas planilhas secretas de pagamento da Uerj e ganhou R$ 87,4 mil brutos entre julho e novembro de 2022. A tia dele, Márcia Toffano Mattos, recebeu outros R$ 91 mil no mesmo período e programa.
Cupti trabalhou para a campanha de Bolsonaro. Ele criou o app “Bolsonaro TV”, que reúne postagens do ex-presidente. Em um dos debates da TV Globo, no ano passado, ele acompanhou Jair Bolsonaro e Carlos.
Os “cupinchas” foram “contratados” como bolsistas em dois projetos – um de inovação em escolas públicas e outro de educação profissional – realizados com recursos estaduais e federais transferidos a partir de órgãos do governo Cláudio Castro (PL). Os dados, sob sigilo, aos quais o UOL teve acesso, mostram que os pagamentos aos apadrinhados dos bolsonaristas ocorreram em 2021 e 2022, mas se concentraram no primeiro semestre do ano passado, véspera da campanha eleitoral.
Um grande número de contratações foi feito nas vésperas das eleições do ano passado com dinheiro do Rio e do governo federal. Pelas regras do projeto, que consumiu com pagamento de pessoal mais de R$ 100 milhões entre o início de 2021 e agosto de 2022, os contratados não eram obrigados a cumprir carga horária.
A origem desse dinheiro é o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), cujos recursos têm origem na União, nos estados e nos municípios. Às vésperas da eleição de 2022 veio a público um escândalo envolvendo pagamentos milionários a apoiadores de Bolsonaro e Cláudio Castro com recursos que passavam pela UERJ.
Entre os “contratados”, está também o ex-vereador de São Pedro D’Aldeia (RJ), na Região dos Lagos, Ediel Teles dos Santos, conhecido como Ediel do Espetinho. Famoso pelo churrasquinho que vende em uma praça da cidade e em municípios vizinhos.
Apesar de não demonstrar qualquer experiência na área de Edcuação, Ediel recebeu R$ 94,3 mil brutos entre janeiro e outubro de 2022.
Procurado pela reportagem do UOL, Ediel se surpreendeu quando questionado sobre os serviços prestados. Ele respondeu que tinha que resolver algo dentro da residência, fechou a porta e não apareceu mais.
A Uerj disse que “vem apurando rigorosamente todas as denúncias de irregularidades apresentadas”. Ao todo, a universidade gastou entre janeiro de 2021 e agosto de 2022, mais de R$ 350 milhões em projetos cujas folhas de pagamento não têm transparência. Há investigações em andamento do Tribunal de Contas do Estado, do Ministério Público do Rio e da Procuradoria Regional Eleitoral, deflagradas após reportagens do UOL.
Leia mais