Volume de serviços variou 0,2% em junho, após alta de 1,4% em maio, segundo IBGE
Com os juros altos do Banco Central reprimindo o consumo e elevando o endividamento das famílias, o setor de serviços no Brasil não conseguiu sustentar o crescimento obtido em maio (1,4%), ao registar uma variação de +0,2%. Em abril, o setor havia tombado -1,6% na comparação com março.
“Assim como a indústria e o varejo – à exceção das vendas de veículos, impulsionadas pelo corte de impostos realizado pelo governo – o setor de serviços praticamente não se moveu no final da primeira metade de 2023”, aponta o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). “Na passagem de mai/23 para jun/23, seu faturamento real variou apenas +0,2%, já descontados os efeitos sazonais”, destacou o Instituto, ao analisar os números do setor de serviços divulgados nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Enquanto a indústria acumula perda de -0,3% no acumulado de jan-jun/23 e o varejo cresce +1,3% em seu conceito restrito e +4% em seu conceito ampliado, devido sobretudo às vendas de veículos, o setor de serviços registra +4,7% nesta primeira metade do ano. Este ritmo de crescimento, porém, é cerca de metade do registrado no 1º sem/22 (+8,9%), o que ilustra a desaceleração de sua atividade”, aponta o Iedi.
“Embora fraco para o agregado do setor, o sinal negativo marcou um número minoritário de seus ramos: 2 dos 5 acompanhados pelo IBGE. Foram eles: transportes, armazenagem e correios (-0,3%) e outros serviços (-0,2%), que reúnem um conjunto diversificado de atividades, como serviços financeiros, imobiliários e de saneamento. Com isso, os serviços seguiram sua trajetória de acomodação, registrando taxas de crescimento cada vez mais modestas”, observou.
Na passagem de maio para junho de 2023, os serviços prestados às famílias apresentaram um avanço de 1,9%. Apesar da alta, o volume de serviços prestados às famílias está 2,5% abaixo do pico alcançado em fevereiro de 2020 (pré-pandemia). É o único segmento entre os cinco dos serviços realizados pelo IBGE que jamais ultrapassou esse ponto em nenhum momento nesses mais de três anos.
O Iedi ressalta que, após passar pelo processo de recomposição com o controle da pandemia de Covid-19, o ritmo de crescimento dos serviços prestados às famílias no 2º trimestre de 2023 (+3,7% ante o 2º trim/22) é quase 1/3 do que era no 4º trimestre de 2022 (+9,5%). “Os serviços de alojamento foram os que mais perderam ritmo”, destacou.
Em outros segmentos do setor, o Instituto ressaltou a perda de fôlego dos serviços de transporte, seus auxiliares, armazenagem e correios, “por sua relação direta com o nível geral de atividade econômica do país. Este ramo crescia a uma taxa de dois dígitos no 4º trim/22 (+11,0%), que caiu para +4,7% no 2º trim/23, devido a transporte terrestre, aéreo e serviços de armazenagem”. “Por sua vez, desaceleraram de +7,6% para +3,9% do 4º trim/22 para o 2º trim/23 os serviços profissionais, administrativos e complementares”, completou.