BC defende o arrocho monetário alegando que há “o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública”
O Banco Central (BC) divulgou nesta quarta (12) a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada na quarta-feira (8), onde concluiu por “uma política monetária mais contracionista“.
Na semana passada, com o voto de minerva do presidente do BC, Roberto Campos Neto, o comitê decidiu cortar a taxa básica de juros (Selic) em apenas 0,25 ponto percentual, reduzindo a taxa de 10,75% para 10,50%. A decisão significou juro real (descontada a inflação) mais alto e a segundo maior do planeta.
Foram 5 votos a favor. Os outros quatro defenderam manter a redução em 0,50 ponto percentual, como vinha sendo feito desde agosto do ano passado, o que, segundo eles, de acordo com a ata, “ainda manteria a política monetária suficientemente contracionista“.
De acordo com a ata, “a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta” e não prevê novos cortes na taxa Selic na próximas reuniões.
O BC defende o arrocho monetário alegando que há “o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública”.
Ao reclamar da resiliência do mercado de trabalho, o que a ata aponta como objetivo é reduzir a atividade econômica e provocar desemprego. Pelo BC, o Brasil está proibido de ter aumento de consumo, aumento do emprego e reajuste salarial. Não pode conceder crédito direcionado (mais barato) e nem aumentar os investimentos públicos.
Qualquer investimento, segundo o BC, gera pressão inflacionária e o aumento da dívida pública. Só os juros, não. Sem qualquer crítica dos “fiscalistas”, no ano de 2023, o setor público (União, Estados/municípios e estatais) transferiu mais de R$ 700 bilhões, via pagamento de juros, para bancos e demais rentistas. Outros R$ 209,1 bilhões foram gastos com juros nos primeiros três meses deste ano: R$ 79,9 bilhões em janeiro; R$ 65,2 bilhões em fevereiro; e R$ 64,2 bilhões em março.
Na outra via, no ano passado, a economia desacelerou por conta do baixo nível de investimento no país. A taxa de investimento em 2023 ficou em 16,5% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo do registrado em 2022 (17,8%). Já os investimentos em máquinas e equipamentos, construção, entre outros, recuaram 3% no ano, conforme a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF).
Em 2024, a economia brasileira segue em ritmo fraco e com o mercado financeiro fazendo pressão para que o governo não fuja das regras e metas fiscais, apesar da dívida interna ser consideradamente baixa (75% do PIB), quando comparado a outros países: EUA (120%), Japão (217%), Itália (144%), e Egito (92,7%), segundo o Monitor Fiscal do FMI.