“É um tapa na cara do país”, completa a deputada federal e presidente nacional do PT
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a ata da reunião do Comitê de Políticas Monetárias (Copom) que manteve os juros em 10,5% “é um tapa na cara do país” e tem “arrogância extrema para sabotar o país”.
“Todos os indicadores do país melhoram, a inflação segue abaixo do que o BC previa, o governo faz um esforço notável para cumprir as metas e o que faz o Copom? Aferra-se à maior taxa de juros do planeta e ainda ameaça aumentar mais quando lhe der na telha, mesmo com a possibilidade dos EUA baixarem os juros”, criticou a dirigente petista e deputada federal.
Para ela, o documento “é um tapa na cara do país. A arrogância extrema para sabotar o país”.
O Copom, que é parte do Banco Central, manteve por unanimidade a taxa básica de juros em 10,5% ao ano. Dessa forma, os juros reais, quando é descontada a inflação, do Brasil é a segunda maior do mundo, atrás somente da Rússia.
A ata ainda ameaça o país com uma nova alta nos juros. “O Comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”, diz.
Somente entre janeiro e dezembro de 2023, o governo federal gastou R$ 718 bilhões com juros por conta da política sustentada pelo Banco Central.
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que também é ministro da Indústria, falou que “não tem nenhum sentido” a política de juros praticada pelo Banco Central, uma vez que o Brasil tem “reserva cambial de US$ 370 bilhões, segurança jurídica, mercado consumidor grande e inflação controlada”.
“Só perdemos para a Rússia, que está em guerra. Não há nenhuma justificativa”, apontou.
Na avaliação do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, os juros altos prejudicam o setor produtivo em benefício do financeiro. “Com essa taxa de juros, é preferível deixar o dinheiro no banco em vez de investir na indústria”, falou.
“O Brasil precisa entender que, praticando taxas de juros reais, por tanto tempo, cria-se uma situação de desvantagem competitiva em relação a outros países do mundo. É simples, é matemático. A economia não cresce, a taxa de juros reais é de 6% nos últimos 25 anos. O mundo, durante 15 desses 25 anos, praticou taxas de juros reais negativas”, avaliou.
Essa também é a posição do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban. Segundo ele, “a indústria é uma das maiores prejudicadas pelo nível das taxas de juros, que dificulta investimentos e a ampliação de capacidade produtiva. No fim, os brasileiros perdem em oportunidades de emprego e aumento de renda, comprometendo o bem-estar da população. Sem reduzir os juros, ficaremos presos nessa armadilha”.