“Alegar pressão inflacionária nos serviços é uma manifestação de desconhecimento da economia brasileira”, afirmou o economista. “A inflação cedeu por causa da queda do câmbio e dos combustíveis, reduzindo os custos de toda a economia”, explicou o presidente da Abradin.
O presidente da Abradin (Associação Brasileira de investidores, Aurélio Valporto, criticou a explicação dada pelo Copom (Conselho de Política Monetária do Banco Central), em ata divulgada nesta terça-feira (27), para a manutenção da taxa de juros a 13,75%.
“O item 19 da ata do Copom, divulgada nesta terça-feira, sugere isolamento do presidente do Banco Central, Campos Neto, dentro do próprio comitê”, disse o economista.
“A inflação cedeu, e vai apontar variação negativa no índice de preços em junho, por causa da queda do câmbio e dos combustíveis que impactam a estrutura de preços relativos, reduzindo os custos de toda a economia”, explicou Valporto.
Na opinião dos especialista, os preços caíram apesar da teimosia do BC. “Isso, apesar dos juros, que pressionam para cima os custos financeiros e reduzem a demanda, encarecendo o consumo e os investimentos. Juros altos somente combatem inflação quando esta é causada por excesso de demanda em relação à capacidade de oferta da economia”, argumenta o presidente da Abradin.
“Mas, a redução atual no índice de preços comprova que não há pressão inflacionária de demanda”, prossegue Valporto. “Houve redução dos custos e os preços cederam, mostrando uma clara tentativa dos ofertantes de fazer aumentar a demanda por seus produtos mediante menores preços”, destacou.
Veja o comentário de Aurélio Valporto, presidente da Abradin
“Quando a pressão inflacionária é de demanda, os ofertantes aproveitam a redução nos custos para aumentar suas margens de lucro, não para baixar preços. Além disso, alegar pressão inflacionária nos serviços é uma manifestação de desconhecimento da economia brasileira”, afirmou o economista. “Mais de 90% do setor de serviços brasileiro é composto por atividades de baixo valor agregado, como manicures, cabeleireiras, encanadores, eletricistas, bares, etc”, apontou.
“Esse serviços”, prosseguiu Valporto, “se caracterizam pela elevada elasticidade e dependem de baixos investimentos. A oferta cresce imediatamente frente a um aumento da demanda”, explicou.
“Nesse caso, a demanda forte no setor não significa pressão inflacionária numa economia com alto índice de desemprego, mas sim, recuperação econômica”, argumentou o economista. “As atuais taxas de juros, as mais altas do planeta, em termos reais, não resultam em controle da inflação, apenas entravam a retomada do crescimento, promovendo a fome e o desemprego”, completou.