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Ucrânia é tema central na Conferência de Munique e Kiev atirou drone contra a proteção da antiga usina nuclear de Chernobyl para culpar Moscou e tentar desmontar qualquer solução política para por fim ao conflito
Provocação ocorre após declarações de Trump sobre “conversas produtivas” com a Rússia sobre o conflito na Ucrânia e na véspera da Conferência de Segurança de Munique. Como observou a porta-voz Zakharova, Zelensky não quis chegar de “mãos vazias”
Algumas horas após o telefonema Trump-Putin e sua repercussão e na véspera da Conferência de Segurança de Munique, um ataque com drone ao sarcófago que protege o reator de Chernobyl, local do pior desastre nuclear do mundo em 1986, foi confirmado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) na madrugada de quinta-feira para sexta-feira (13).
Uma provocação – como denunciou Moscou – abertamente voltada para dificultar quaisquer avanços em dar fim à guerra por procuração da Otan contra a Rússia na Ucrânia e consequente estancamento do fluxo de grana e armas para o regime de Kiev. Zelensky acusou a Rússia.
“Não há dúvida de que Zelensky não teria vindo à Conferência de Munique de mãos vazias”, disse a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, sobre a provocação em Chernobyl. A Conferência ocorre de sexta-feira a domingo, e a Ucrânia deverá ser um dos temas centrais.
Dois dias antes, o novo secretário do Pentágono havia chamado de “irrealista” o ingresso da Ucrânia na Otan ou a “recuperação dos territórios” do leste, enquanto os europeus se diziam deixados de lado por Trump quanto à solução do conflito, pensado para destruir a Rússia e o governo Putin, mas cujo tiro saiu pela culatra e quem está na marca do pênalti é a vassalagem europeia a Washington.
“As mãos do regime de Kiev não estão apenas cobertas de sangue, mas devem estar constantemente ocupadas com algum tipo de barulho com o qual distraem a atenção dos participantes de conferências internacionais”, acrescentou Zakharova.
A AIEA confirmou que um drone atingiu a estrutura de proteção, chamada Novo Confinamento Seguro (NSS), do reator da usina nuclear, com uma explosão sendo ouvida por volta as 2 h da madrugada e causando um incêndio no local, que foi rapidamente extinto.
Apesar dos danos relatados no sarcófago, “não há nenhuma indicação de que a contenção interna do NSS tenha sido violada”, disse a AIEA, que continua monitorando a situação. “Os níveis de radiação dentro e fora permanecem normais e estáveis”.
A Rússia, além de não atacar usinas nucleares com mísseis e drones como registrou o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov, não teria o menor interesse em um incidente imediatamente após o telefonema Trump-Putin ou na véspera da Conferência de Munique, ainda mais pelo significado de Chernobyl no imaginário europeu.
Zakharova destacou que o regime de Kiev usa esse estratagema sempre que precisa pressionar o Ocidente a receber outro lote de armas e, acima de tudo, dinheiro, bem como para dar aos meios de comunicação ocidentais um pretexto para conduzir campanhas de desinformação contra a Rússia.
O pior desse tipo de provocação é o perigo que pode causar, sublinhou a porta-voz, lembrando os repetidos ataques de Kiev contra a Usina nuclear de Zaporozhya. O mais recente deles na quarta-feira, com drones e artilharia, o que impediu a rotação pela segunda vez dos especialistas da AIEA postados na usina.
Zakharova lembrou, ainda, de uma provocação de 2015, pelo então presidente Poroshenko, que apareceu no Fórum Econômico Mundial em Davos com um pedaço de ônibus, alegando que o veículo havia sido alvejado por forças russas em Donbass. Quando, comprovou-se, havia explodido devido a uma mina ucraniana.
Para a porta-voz, tais ataques do regime de Kiev a instalações nucleares e seu uso como meio de chantagem na arena internacional é que deveriam ser discutidos em uma conferência dedicada às questões de segurança na Europa.
Anteriormente, em 6 de janeiro de 2025, a AIEA relatou explosões perto da usina nuclear de Zaporozhye após um ataque de um drone kamikaze das Forças Armadas Ucranianas ao centro de treinamento local. O drone ucraniano pousou no telhado do Edifício G do centro de treinamento da usina nuclear, que abriga o único simulador de reator em tamanho real do mundo. No entanto, ninguém ficou ferido no ataque e nenhum dano maior foi causado.
Era de se esperar que Zelensky tentasse interromper o processo de negociação por todos os meios possíveis, observou o jornal Komsomolskaya Pravda. Como questionou o correspondente militar do jornal, Alexander Kots, a versão sobre o envolvimento de Moscou “não resiste às críticas. Não atacamos a Usina Nuclear de Chernobyl por três anos e de repente decidimos atacar quando algo semelhante a um entendimento mútuo surgiu entre Moscou e Washington”, ele argumenta.
Para ele, a rapidez com que o regime de Kiev publicou fotos do ataque a Chernobyl também levanta questões. “Parece que um grupo estava a postos em algum lugar próximo e imediatamente correu para registrar o ‘crime’”.