Ataque à Venezuela é “por petróleo”, condena deputado republicano Thomas Massie

“Presidentes anteriores nos disseram para ir à guerra por armas de destruição em massa que não existiam. Agora é o mesmo manual”, disse Thomas Massie.

O deputado republicano Thomas Massie se opôs à escalada de Trump contra a Venezuela e exigiu que o presidente não tome nenhuma ação militar contra o país caribenho sem aprovação do Congresso dos EUA.

“Presidentes anteriores nos disseram para ir à guerra por armas de destruição em massa que não existiam”, disse ele, referindo-se à invasão do Iraque e outras operações fracassadas de mudança de regime, como na Líbia. “Agora é o mesmo manual. Exceto que nos dizem que drogas são as ADM [Armas de Destruição em Massa.”

Lembrando que, pela constituição norte-americana, só o Congresso pode declarar guerra, Massie assinalou que se Trump acredita que “a ação militar contra a Venezuela é justificada e necessária”, ele deve apresentar o caso, “e o Congresso deve votar antes que vidas e recursos americanos sejam gastos em mudança de regime na América do Sul.”

Massie acrescentou que, se Trump realmente estivesse preocupado com o fluxo de drogas ilícitas para os EUA, ele não teria perdoado Juan Orlando Hernández, o ex-presidente de Honduras que foi condenado em 2024 por conspirar para contrabandear 400 toneladas de cocaína para os EUA.

“Isso é sobre petróleo e mudança de regime”, concluiu o deputado republicano, que também tem exigido de Trump que divulgue os arquivos do pedófilo Jeffrey Epstein.

A deputada democrata Ilhan Omar concordou com Massie. “Isso não é sobre drogas, é sobre mudança de regime”, disse ela. “E também temos a chefe de gabinete da Casa Branca [Susie Wiles] dizendo que isso é sobre mudança de regime. Não tem nada a ver com drogas.”

Ela também exigiu que o Congresso vote a questão, antes que o caldo entorne e se crie outra guerra eterna, agora na América Latina.

“Apenas o Congresso tem o poder de declarar guerra”, disse ela. “A escalada militar da administração Trump no Caribe não é apenas imprudente, é flagrantemente ilegal. Não podemos permitir que esse tipo de abuso perigoso fique sem controle.”

Os dois discursos foram durante o debate na semana passada de duas resoluções voltadas a limitar a capacidade de Trump de travar guerra contra a Venezuela, que acabaram derrubadas por uma estreita diferença de votos, respectivamente, seis e dois votos.

Na véspera, Trump havia anunciado pelo Truth Social seu “bloqueio total e completo” de todos os petroleiros que entram e saem da Venezuela, depois de quatro meses com uma frota naval ameaçando a nação caribenha, além de continuar cometendo execuções extrajudiciais em alto mar. Ele também exigiu da Venezuela que “devolva o petróleo, terras e riquezas que roubou de nós”, numa inversão total dos fatos. Além de já ter assassinado mais de 100 pessoas em pequenos barcos, bombardeados pela Marinha de guerra dos EUA sob o pretexto de “combate ao tráfico”.

China, Rússia, Brasil, México, Colômbia, Cuba e Irã têm se manifestado contra a escalada de Trump na América Latina, que é “zona de paz” oficialmente desde 2014. Em reunião do Mercosul, o presidente brasileiro Lula alertou que “uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”.

“Passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional”. “Os limites do direito internacional estão sendo testados”.

Lula enfatizou que “construir uma América do Sul próspera e pacífica é a única doutrina que nos convém”, acrescentando que as “ameaças à soberania se apresentam, hoje, sob a forma da guerra, das forças antidemocráticas e do crime organizado”.

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