A jornalista Cristina Goldbaum, em colaboração com o portal Daily Beast, e em entrevista à rede de TV, Democracy Now, no dia 1º, após investigação na Somália, denuncia que “as evidências muito fortes apontam que foi o ataque de tropas norte-americanas o responsável pela morte de 10 civis” no país.
O ataque se deu na aldeia de Barire, no Estado do Baixo Shabelle no mês de agosto.
A primeira denúncia de que foram tropas americanas que mataram civis desarmados partiu de uma reportagem da Associated Press, publicada em 15 de agosto no portal National Post.
Imediatamente, o centro de informações do Comando da África – Africom que centaliza a intervenção norte-americana no continente africano declarou que em um simples release para a imprensa que “depois de uma ampla investigação realizada em 25 de agosto de 2017, sobre as alegadas mortes de civis, o Comando Especial de Operações na África, concluiu que as únicas baixas foram de combatentes inimigos armados”.
Antes desse breve “informe”, os moradores da aldeia levaram os cadáveres e os expuseram em um recanto da capital Mogadíscio. Entre os mortos, alegados “combatentes inimigos”, uma mulher e duas crianças de 8 a 10 anos.
Os aldeões foram mortos “um a um” depois que os soldados invadiram a aldeia Barire, afirmou o vice-governador do Baixo Shabelle, Ali Nur Mohamed.
A entrevista de Cristina Goldbaum, concedida em Nairobi, Quênia, foi ao ar poucos dias antes do início de audiência no Comitê da Câmara dos Deputados para Assuntos do Exterior para discutir a intervenção militar dos Estados Unidos e que a Casa Branca chama de “esforço de contraterrorismo na África”.
Segundo a jornalista, um comando de oito soldados norte-americanos se aproximou da aldeia Barire à frente de um pelotão de 20 soldados do Exército Nacional da Somália e mais quatro “operadores” norte-americanos atrás deles.
A fonte de Goldbaum foi um soldado somali, que ela mantém anônimo por razões óbvias.
Os americanos já chegaram disparando em dois homens que preparavam chá. Seguiram-se disparos sobre pessoas que saíam das casas para entender o que estava acontecendo.
Segundo a reportagem do Daily Beast, os norte-americanos atuam na Somália de forma alinhada ao governo que instalaram e de forma irresponsável e totalmente indiferente aos problemas locais. Desconhecem a realidade local, os conflitos interétnicos e atuam baseados em informantes de grupos rivais.
A jornalista diz que as declarações do comando Africom, ao invés de esclarecerem, provocaram a ira de muitos somalis, que exigem do governo que libere os resultados de uma investigação independente da dos americanos e que segundo a repórter nega as alegações do Africom, mas que foi “enterrada sob pressão dos EUA”.
A repórter conversou com 20 veteranos do Exército somali mas nenhum deles informou de haver sido sequer procurado pelo comando ianque, “levantando o questionamento de se alguém tenha sido sequer averiguado fora das próprias tropas norte-americanas”.
Logo após essa chacina, Donald Trump informou que foram despachados mais 500 soldados dos EUA para a Somália.