Um homem e um jovem encapuzados mataram oito pessoas e deixaram 23 feridos em um massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), por volta das 9h30 desta quarta-feira (13). Eles já foram identificados e segundo a polícia são ex-alunos da escola.
Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, e Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, entraram atirando na escola. Após o morticínio, eles se suicidaram com tiros na cabeça.
Antes do ataque, o tio de Guilherme, que trabalhava em um lava rápido no caminho da escola foi a primeira vítima. O tio teria tentando impedir eles de seguir caminho, mas levou três tiros e seguiu para cirurgia no Hospital das Clínicas de Suzano, onde não suportou os ferimentos e faleceu.
A Secretaria de Segurança Pública divulgou o nome das vítimas:
- Jorge Antonio de Moraes, tio de um dos homens e morto antes deles entrarem na escola;
- Marilena Ferreira Vieira Umezo, coordenadora pedagógica;
- Eliana Regina de Oliveira Xavier, funcionária da escola;
- Pablo Henrique Rodrigues, aluno;
- Cleiton Antonio Ribeiro, aluno;
- Caio Oliveira, aluno;
- Samuel Melquíades Silva de Oliveira, aluno e
- João Vitor Ramos Lemos, também aluno.
Ainda não se sabe a motivação do crime. De acordo com a polícia há fortes indícios da premeditação do massacre. Os assassinos alugaram o veículo usado no crime, além de montarem bombas falsas. Eles portavam um revólver calibre 38 e coquetéis molotov, além de machado, uma besta (arma que dispara flechas automaticamente) e um arco e flechas tradicional.
O coronel Marcelo Salles, comandante-geral da PM, fez uma declaração na porta da escola no começo da tarde. “Eles ingressaram na escola, atiraram na coordenadora pedagógica, atiraram numa outra funcionária. Estava na hora do lanche, eles se dirigiram ao pátio, atiraram em mais quatro alunos do ensino médio. Nesse horário, só havia alunos do ensino médio, e [os autores do ataque] dirigiram-se ao centro de línguas. Os alunos do centro de línguas se fecharam na sala com a professora e eles [criminosos] se suicidaram no corredor”.
Segundo relato do estudante Rosni Marcelo Grotliwed, de 15 anos, divulgado pelo portal G1, o ataque ocorreu durante o intervalo e que um dos criminosos tinha uma arma e outro, uma faca.
“A gente estava na merenda e comendo normal e escutamos ‘três pipocos’ nisso tentamos correr para pular o muro do CEL. Os caras vieram atrás de nós e começou a matar muita gente. Mas o pente dele descarregou e foi na hora que a gente correu.”
Segundo Rosni, um dos garotos passou com faca ao seu lado, mas ele conseguiu desviar. “Fui para a diretoria e tinha muita gente morta no chão. Eles gritavam, mas eu não entendi o que era”.
“Meu amigo levou facada no ombro e outro levou um tiro. Fugi com um amigo para minha casa e voltei para buscar um amigo”
PROTEÇÃO
Durante a manhã desta quarta-feira, a mãe de uma aluna do centro de idiomas da escola estadual contou que a filha estava em horário de aula quando os dois adolescentes chegaram. Ela recebeu uma ligação da filha pedindo socorro.
“Eu fiquei sabendo por que ela me ligou e me disse: ‘mãe, corre pra cá porque tá tendo tiroteio’. Ela estava gritando. Eu peguei carona com uma outra mãe pra chegar”, contou Rose.
Para evitar que fossem baleados, eles seguraram a porta da sala. “Ela estava no período de aula e ouviu o barulho e disse que era tiro, mas a professora disse que era bombinha. Só que a professora fechou a porta e saiu. Só que logo a professora voltou correndo, fechou a porta e ficou segurando a porta, porque eles tentaram entrar na sala dela”, completou Rose.
A merendeira da escola, Silmara Cristina Silva de Moraes, junto de outra colega funcionária, ajudou a esconder cerca de 50 alunos na cozinha durante a ação dos assassinos. Segundo ela, após se trancarem na cozinha, montaram barricadas na porta com a geladeira, frigoríficos e mesas, para evitar a entrada dos homens. “Parecia que procuravam alguém. Iam para lá e para cá, atiravam muito. Nós não vimos nada. A gente baixou-se e ficou a escutar o movimento. Isso durou entre 10 e 15 minutos, mais ou menos”, contabiliza.
A Escola Estadual Raul Brasil é o colégio mais antigo da cidade, atende os anos finais do ensino fundamental e o ensino médio, com um total de 1.058 alunos matriculados. Oferece também, cursos de línguas para 1.534 estudantes. Contando com a direção, tem 14 funcionários e 63 professores. Tem uma estrutura com 30 salas e espaços para aulas e atividades extra-curriculares, ambientes de leitura e laboratórios de química e de física. Segundo a Secretaria Estadual de Educação, ainda não é possível afirmar quantos desses alunos estavam no local no momento em que ocorreu o massacre.
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