Deputado Altineu Côrtes (PL-RJ) é ligado ao presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e ao que parece a ala bolsonarista está isolada na sigla
No que depender da ala não bolsonarista do PL na Câmara, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não vai ter vida fácil. O líder da legenda na Casa, deputado Altineu Côrtes (RJ), defende investigação profunda por parte do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes sobre a tentativa de golpe arquitetada pelo ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Cortês é de confiança do chefe do partido, Valdemar Costa Neto. Ele está no exercício do terceiro mandato federal e foi indicado líder da legenda agora no início da atual legislatura, que começou na última quinta-feira (2).
Na última quinta-feira (2), o senador Marcos do Val (Podemos-ES) relatou conversa na qual os dois — Daniel Silveira e Bolsonaro — teriam tentado convencê-lo a gravar Moraes e arrancar algo que justificasse a prisão dele e, consequentemente, a anulação das eleições de 2022.
É sabido por todos e, portanto, não é novidade que Bolsonaro sempre quis e o tempo todo defendeu golpe, inclusive militar, para se manter no poder, com ou sem eleição.
“Esse tipo de gente que anda fazendo isso… O ministro Alexandre de Moraes tem toda razão para investigar profundamente isso”, disse o líder do PL na Câmara dos Deputados.
UMA NO CRAVO OUTRA NA FERRADURA
Para ele, Marcos do Val, o senador poltrão, tem de ser cobrado pelas declarações e pelas mudanças de versões ao longo das últimas 48h. “Tem que ser responsável com o que se diz.” “O senador não pode falar um negócio e depois [mudar]. Senão é brincadeira. E aí, vai fazer nada não? Não vai acontecer nada não?”, provocou o líder.
Altineu também defendeu o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que foi ouvido pela PF (Polícia Federal) após dizer em entrevista que havia minutas de propostas golpistas “na casa de todo mundo”. “Sou muito próximo dele e nunca teve… [não conclui]. Quem conhece o Valdemar sabe que ele não compactuaria com qualquer movimento de golpe”, atestou.
ABERTURA DE PROCEDIMENTO
Moraes determinou a abertura de procedimento para apurar suspeita da prática dos crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo pelo senador Marcos do Val.
Na última quinta-feira (2), Marcos do Val teve os 15 minutos de ribalta à qual, em algum momento da vida, todo mundo tem. Ele fez transmissão ao vivo pelas redes sociais na qual afirmou que a revista Veja publicaria reportagem publicizando que Bolsonaro tentou coagi-lo a “dar um golpe de Estado junto com ele”.
Horas depois, o senador recuou da acusação direta e disse que Bolsonaro “só ouviu” o plano do ex-deputado federal Daniel Silveira e afirmou que iria pensar a respeito.
INCOERÊNCIA E CONTRADIÇÃO
O senador capixaba, mesmo tendo mudado a versão original da fala dele, em depoimento na PF, não isenta o ex-presidente da República. Ao contrário. Reafirma a presença de Bolsonaro na cena do crime.
O agora ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), com o então presidente da República, estavam em conluio e associação para tentar interromper a democracia e o Estado de Direito pela força e para isso teriam convidado um senador da República para participar dessa trama.
Todos estão implicados em possível crime. Os ex-deputado federal e ex-presidente da República e, agora, o senador, que tem muito a explicar. Mas sem ficar mudando de versão.
M. V.