144º lugar entre 191 países
No cenário mundial a inflação no Brasil nunca foi tão baixa. Em 2022, atingiu 5,59% o que colocou o país na 144ª posição em um ranking de 191 países, conforme estudo anual do Fundo Monetário Internacional (FMI). A melhor posição conseguida desde 2007, quando a classificação brasileira foi a de número 123º.
Em 2021 a posição nesse ranking foi de 28º, tendo em vista a inflação anual de 10,1%. Em 2022, no entanto, a inflação brasileira fechou o ano passado pela primeira vez abaixo da dos EUA (7,1%) e da Zona do Euro (10,1%).
No Brasil houve aumento de preços de 5,8%, nos países ricos esse movimento foi de avanço de 7,3%. Nos emergentes, essa alta foi de 10,1%, mas não é raro o Brasil ter um índice inferior à média de seus pares – isso ocorreu, por exemplo, em 2020 também.
Por outro lado, o Brasil ocupa o primeiro lugar entre os países com a maior taxa de juro real do mundo, juros impostos pelo presidente do Banco Central, Campos Netos, a pretexto de combater uma inflação de demanda, contestada por economistas, empresários e assalariados.
Os juros elevados inibem investimentos, o acesso ao crédito, eleva a inadimplência e têm gerado um corrida de empresas a pedidos de falências e de recuperação judicial. A produção industrial, as vendas do comércio e o volume do setor de serviços iniciaram o ano em queda ou patinando. Todos apontam o arrocho monetário, como o principal fator para a estagnação.
Com a taxa básica de juro, a Selic, a 13,75% ao ano, desde agosto do ano passado, e um spread bancário para além de 20%, não há produção industrial, vendas e emprego que resistam.
O FMI fala de resistências do “núcleo duro” para a redução das taxas de inflação no contexto mundial, como a alta do petróleo e das fontes de energia em geral, assim como a dos alimentos, ainda sobre o impacto da guerra na Ucrânia. O primeiro pelo boicote contra a Rússia e a sabotagem das explosões contra o gasoduto Nord Stream 1, que distribuía o produto para países da Europa, como a Alemanha. Inclusive contra os interesses objetivos do próprio continente, que tive que importar gás dos EUA por preços bem mais caros.
Pegando carona indevida na avaliação do FMI, Campos Neto quis “colar” o argumento dessa versão, recentemente, em sua apresentação no evento Lide Brazil Conference, em Londres (21/4), para defender a Selic nas alturas.
Disse que é “consenso nos bancos centrais” que “o trabalho ainda não está feito” e que é preciso “ser persistente”.
Campos Neto parece querer agarra-se em qualquer coisa que lhe ajude a sustentar o insustentável. Não quer enxergar o nível extremo de desarranjo que a Selic mantida na taxa vigente está provocando na economia nacional e no tecido social do país, inclusive diante dos dados de recuo da inflação, com 4,65% acumulado nos últimos 12 meses até março, mesmo com a retomada da cobrança parcial de impostos sobre combustíveis.