Desde a tarde de quarta-feira (19) até a manhã do domingo (23), o Ceará registrou 122 assassinatos no estado, uma média de 30,5 por dia. Do início do ano até o início do motim, a média de assassinatos era de seis (6) por dia.
Os dados são da Secretaria de Segurança do Estado, que ainda vai fazer um balanço maior da situação.
Na quarta-feira começou o motim dos policiais militares, com tomada violenta dos quartéis, depredação de viaturas e fechamento do comércio por homens encapuzados.
O senador e ex-governador do Ceará, Cid Gomes (PDT), foi até Sobral para negociar o fim da crise na cidade, originada pelo amotinamento de parte dos policiais que recuaram de um acordo salarial com o governo estadual. Ele recebeu dois tiros no peito após pilotar uma retroescavadeira para romper o bloqueio feito pelos amotinados e encapuzados.
Nesta semana, após o início do motim, sexta-feira (21) e sábado (22) foram os dois dias mais violentos do estado em relação ao número de mortes desde 2012.
Nesta sexta-feira (21) foram 37 homicídios no estado; e no sábado (22), outros 34.
Os números só não maiores que o total de homicídios em 1º de janeiro de 2012, data de outra paralisação da PM, quando ocorreram 41 assassinatos no estado.
No início de 2012, o Ceará enfrentava uma outra paralisação de policiais militares, quando a maior parte da frota da PM cruzou os braços.
As entidades representativas dos policiais tinham aceitado o acordo costurado pelo governo e a Assembleia Legislativa de aumentos salariais para os soldados da PM e para bombeiros de R$ 3.475 para R$ 4.500, com reajuste parcelado em três vezes até 2022.
Uma parte da categoria, incitada por certas lideranças políticas, que o ex-governador Ciro Gomes, relacionou ao bolsonarismo, recusaram a proposta mesmo depois que o acordo tinha sido assinado.
A partir daí, mascarados aterrorizaram a população, carros da polícia tomados, pneus foram esvaziados e os quarteis foram invadidos. O motim culminou com a tentativa de assassinato do senador e ex-governador Cid Gomes.
A Polícia Militar do Ceará classificou 77 policiais militares como “desertores”. Eles faltaram a uma convocação para trabalhar na segurança de festas de carnaval no interior do estado.
A lista dos 77 desertores será encaminhada à Justiça Militar. Em caso de condenação, o crime de deserção pode resultar em pena de seis meses a dois anos de detenção.
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