“A queda da economia pelo segundo mês consecutivo é explicada pela estagnação da indústria e a retração dos serviços”
A atividade econômica recuou 0,2% em agosto deste ano, segundo o Monitor do PIB do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), divulgado nesta terça-feira (15). Em julho, o indicador caiu -0,3%.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece, “a queda da economia pelo segundo mês consecutivo é explicada pela estagnação da indústria e a retração dos serviços. Das três grandes atividades econômicas, apenas a agropecuária cresceu na comparação de agosto com julho. Pela ótica da demanda, a maior parte dos componentes apresentou crescimento. A exceção foi a exportação que apresentou expressiva queda de 2,5%”.
“Os menores níveis de exportação de produtos agropecuários e da extrativa ajudam a explicar essa retração”, disse a economista sobre a queda nas exportações.
O Monitor do PIB aponta que, na média móvel trimestral encerrada em agosto, o consumo das famílias cresceu nos diferentes tipos de consumo, com destaque para o consumo de serviços.
No mesmo período, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – investimentos em máquinas equipamentos, construção e outros – cresceu com o desempenho do segmento de máquinas e equipamentos, que tem “apresentado contribuições expressivas que são, em parte, devido à base de comparação deprimida de 2023”, diz o Monitor. Já a taxa de investimento, a relação FBCF/PIB, mensal foi de 18,1%.
Na comparação interanual houve crescimento de 3,4% em agosto e 4,1% no trimestre móvel findo no mesmo mês. No acumulado em 12 meses até julho ficou em 2,8%.
Na segunda-feira (14), o Banco Central (BC) divulgou o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que aponta que no mês de agosto o PIB cresceu 0,23%, após recuo de -0,6% em julho (dado revisado de queda de -0,4%).
Tanto o Monitor do PIB-FGV como o IBC-Br são considerados “prévias” para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, calculado oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As prévias para o PIB demonstram que a economia brasileira perdeu força a partir do segundo semestre deste ano, com a decisão do Banco Central (BC) de elevar a taxa básica de juros da economia, mantendo a Selic acima de dois dígitos em 2024 (hoje em 10,75% ao ano) para reprimir a demanda por crédito e o consumo de bens e serviços no país. O suposto pretexto de que o nível da inflação iria disparar diante de uma economia “superaquecida” – não passa de uma narrativa criada pelo mercado financeiro com o fim de garantir novos aumentos da taxa de juros no Brasil.
Conforme dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na passagem de julho (-1,4%) para agosto (+0,1%) houve estagnação na produção industrial. O volume de serviços caiu -0,4% no mês, depois de variar em alta de 0,2% em julho (dado revisado de 1,2%). Já as vendas do comércio recuaram -0,3% frente a julho, mês em que a atividade cresceu 0,6%.