Resultado “ilustra a pouca capacidade de reação da economia para crescer de forma mais robusta em um ambiente de baixo investimento, juros altos e elevado grau de endividamento das famílias”, segundo a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece
A atividade econômica do país cresceu apenas 0,2% no segundo trimestre em comparação com o primeiro, de acordo com o Monitor do PIB da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado na terça-feira (15).
A economia brasileira cresceu 1,9% no primeiro trimestre, puxada pela agropecuária, segundo o resultado do Produto Interno Bruto, divulgado pelo IBGE, o que não ocorreu no segundo trimestre.
Na avaliação da coordenadora da pesquisa da FGV, Juliana Trece, “Após o forte crescimento registrado no 1º trimestre do ano, a atividade econômica mostrou desaceleração no 2º trimestre. Apesar da forte retração registrada pela agropecuária, os modestos crescimentos do setor industrial e de serviços colaboraram para o resultado positivo de 0,2% no 2º trimestre. Em linhas gerais, este resultado mostra uma certa resiliência da economia, que segue em terreno positivo mesmo com grande parte do bônus da agropecuária tendo se reduzido. Por outro lado, esse fraco crescimento também ilustra a pouca capacidade de reação da economia para crescer de forma mais robusta em um ambiente de baixo investimento, juros altos e elevado grau de endividamento das famílias”.
Com o Banco Central (BC) mantendo a taxa básica de juros da economia (Selic) elevada, em 13,75% até agosto, e agora em 13,25%, a economia brasileira segue em ritmo de desaceleração com fortes perdas de desempenho da indústria, comércio e serviços – enfraquecidos pelo fraco consumo de bens e serviços no país.
De acordo com o IBGE, o volume de serviços variou 0,2% em junho em relação a maio quando avançou 1,4% e acumula 4,7% de janeiro a junho. Já a produção industrial segue estagnada, acumulando queda de 0,3% no primeiro semestre. As vendas do comércio varejista caíram -0,1% em abril, -0,7% em maio e zerou (0,0%) em junho.
O Monitor do PIB/FGV destaca que, no segundo trimestre, o consumo das famílias cresceu 2,3%. A FGV ressalta que essa taxa vem se reduzindo desde o final de 2022 por causa da queda do “consumo de serviços e de produtos não duráveis”.
Já a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que são os investimentos, apresentou retração de 2,5% no segundo trimestre. O recuo foi puxado pelo fraco desempenho nos investimentos em máquinas e equipamentos.
“Esta retração é explicada exclusivamente pelo desempenho do segmento de máquinas e equipamentos que se retraiu pelo sexto trimestre móvel consecutivo”, destacou Juliana Trece. “A contribuição positiva gerada pelos segmentos da construção e de outros componentes da FBCF não foram suficientes para compensar a forte queda que tem ocorrido no componente de máquinas e equipamentos nacionais, devido principalmente à forte retração do segmento de caminhões, ônibus e relacionados”.
Em alta no segundo trimestre, destacam-se as exportações, com crescimento de 14,1%, puxadas pelos produtos agropecuários (30,1%) e extração mineral (23,8%), que foram responsáveis por cerca de 80% do desempenho positivo do componente.
Por outro lado, as importações cresceram 6,8% no segundo trimestre, resultado influenciado por bens de consumo (29,7%) e de capital (18,2%), que responderam por mais de 60% do crescimento deste componente.