O secretário-geral da OEA foi recebido com acusação de “criminoso” por seu apoio ao golpe na Bolívia que, na implantação do governo de Jeanine Áñez, causou a morte de dezenas de manifestantes. A golpista acaba de ser condenada a 10 anos de prisão pela usurpação do poder
O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, foi recebido com um discurso de repúdio de um ativista ao tentar dar lições sobre a liberdade de imprensa no continente. “Luis Almagro, você tem sangue nas mãos, você estabelece ditaduras que matam jornalistas e pessoas inocentes”, asseverou o jovem na plateia, recordando os manifestantes assassinados em Senkata (El Alto) e Sacaba (Cochabamba), durante o golpe de Estado em novembro de 2019 na Bolívia.
Como recordou o ativista, aquela ditadora [Jeanine Áñez] que você ajudou a instalar, “massacrou 36 pessoas inocentes que protestavam pela restauração de sua democracia e pela independência de seu país”. Foi neste contexto, citou o jovem, que foi assassinado no dia 16 de novembro, o jornalista argentino Sebastián Moro, que “expôs as mentiras” de Almagro “sobre o golpe”. “Ele foi espancado até a morte em seu apartamento, e agora você se atreve a dar uma lição sobre liberdade de imprensa, democracia e direitos humanos? Não têm vergonha. Você é um assassino e um marionete dos Estados Unidos”, enfatizou o ativista, retirado à força por seguranças do local.
ÁÑEZ CONDENADA PELO GOLPE
No primeiro julgamento contra os autores do golpe de estado na Bolívia em 2019, Jeanine Áñez, a ex-chefe da junta que depôs Evo Morales, foi condenada na sexta-feira a 10 anos de prisão por um tribunal que a considerou culpada por empalmar a presidência em 12 de novembro de 2019 violando os requisitos constitucionais, dois dias depois que o ex-presidente Evo Morales foi forçado a se demitir por militares, após acintosa ingerência da Organização dos Estados Americanos (OEA), que falsamente acusou o governo de fraudar a eleição, o que serviu de gatilho para a virada de mesa.