Centenas de milhares de servidores foram às ruas contra o projeto de Macron que prevê arrocho e 120 mil demissões.
Inconformados pelas medidas de arrocho – o mal denominado ‘ajuste’ da economia – que o governo de Emmanuel Macron pretende baixar por decreto, mais de quatrocentos mil funcionários públicos se manifestaram dia 10, na França. Greves provocaram o fechamento de creches, escolas, hospitais postos de saúde e outros serviços em todo o país. Em Paris, encabeçados pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), muitos sindicatos se somaram aos protestos com grande incidência nos órgãos e governo, na energia e no transporte público.
O congelamento dos salários, aumento de retenções, plano para endurecer as regras que regulam licenças por doença e a eliminação de 120 mil empregos até 2022, unificou o conjunto de sindicatos que representam 5.4 milhões de funcionários públicos, 20% da força de trabalho francesa. A greve e 180 manifestações por todo o país deixaram claro a profunda revolta com as reformas de Macron.
Foi a quarta jornada de manifestações contra as medidas promovidas pelo presidente que se apresenta como ‘moderno’ e ‘inovador’, mas é descrito pelos trabalhadores como o presidente dos ricos, que não liga para a sociedade e utiliza expressões depreciativas para a população mais simples. “Os funcionários, frequentemente são chamados por membros do governo de vagabundos e aproveitadores, necessitam respeito”, declarou Philippe Martinez, secretário-geral da CGT.
Os sindicatos da saúde (médicos, farmacêuticos, dentistas) se uniram ao chamado dos enfermeiros que lideraram o setor. 30% dos vôos internos foram afetados devido à greve na aviação civil. Mais de 50% dos professores participaram da greve. Os portuários de Le Havre, símbolo de luta durante as jornadas de 2016 contra a reforma de Hollande, pararam.
A CGT informa que os trabalhadores de serviços terceirizados também se uniram às marchas. Todos juntos exigindo, ao invés de demissões massivas, a contratação dos que atendem a título precário. As reivindicações comuns dos manifestantes e grevistas são de aumento dos salários, os meios orçamentários para permitir a melhora dos serviços públicos e a melhoria das condições de trabalho.
Diante da força do movimento, o porta-voz do governo, Christophe Castaner, reconheceu a necessidade de prestar atenção às preocupações daqueles que participaram.
“Os servidores perderão entre 4% e 5% de seu poder aquisitivo por ano se o que foi anunciado for aplicado”, disse o secretário-geral da União Nacional dos Sindicatos Autônomos (UNSA), Luis Bérille. O sindicalista declarou que a próxima semana haverá uma reunião com o ministro da Fazenda, Gérald Darmanin. O ministro, no entanto, já assinalou que não vai mudar sua proposta, que tem como objetivo colocar o déficit do país abaixo de 3% do PIB, como pede a União Europeia.