
Parlamentares, organizações da sociedade civil, lideranças sociais, sindicais e intelectuais participaram do ato contra “essas abomináveis agressões externas à nossa Pátria!”
Parlamentares, organizações da sociedade civil, lideranças sociais e sindicais e intelectuais participaram, na noite desta segunda-feira (1), de um ato no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro, em defesa da soberania nacional e contra a tentativa de Donald Trump e Jair Bolsonaro de submeter o Brasil aos interesses dos Estados Unidos.
O ato denuncia a pressão de Donald Trump, por meio de taxas contra os produtos brasileiros e sanções contra autoridades, para tentar salvar seu aliado, Jair Bolsonaro, do julgamento que começará na terça-feira (2) no Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre os signatários do Manifesto pela Soberania Nacional estão a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), os partidos PT, PCdoB, PSB e PDT. O manifesto foi lido pelo ator Antonio Grassi.
O ator Antônio Grassi lê o manifesto em defesa da soberania nacional.
O presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, disse que o evento serve para afirmar, “alto e claro, que o Brasil não aceita tutelas, não aceita imposições externas e não abrirá mão do seu direito soberano de decidir o seu destino”.
“Falam em nos impor restrições, nos colocar de joelhos, em condicionar nossa engenharia e nossa ciência aos interesses de fora. Mas o Brasil é maior que isso. Temos petróleo, temos minérios estratégicos, temos a maior biodiversidade do planeta, temos o povo mais criativo do mundo”, continuou.
Francis ainda comentou que o Brasil tem “engenheiros e cientistas capazes de construir um projeto nacional de desenvolvimento com soberania e justiça social. O Brasil não será colônia de ninguém”.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) discursou no evento e defendeu que os democratas devem recuperar os símbolos nacionais “que foram desapropriados pelos falsos patriotas. É hora da gente se afirmar como nação”.
“A soberania é uma palavra que ficou adormecida. Só falavam em patriotismo os falsos patriotas. O povo falava pouco da pátria, pouco de soberania, pouco de País”, disse.(

“Nós precisamos cassar Eduardo Bolsonaro no Congresso”, continuou a deputada. Eduardo Bolsonaro, filho de Jair, abandonou a cadeira de deputado federal para viver nos Estados Unidos conspirando contra o Brasil, lambendo as botas de Trump.
Jandira também defendeu a manutenção do mandato de Glauber Braga (PSol-RJ), que é perseguido pelos bolsonaristas na Câmara. Glauber esteve presente no evento.
Jandira Feghali foi aplaudida de pé por todo o público quando denunciou o genocídio realizado por Israel contra os palestinos. “Queria pedir uma saudação desse plenário à resistência do povo palestino que sofre nesse momento, que precisa se autodeterminar, precisa ficar livre. Precisa acabar o genocídio, acabar as mortes, as bombas”.
Os deputados Benedita da Silva (PT-RJ) e Tarcísio Motta (PSol-RJ) também estavam presentes no ato e denunciaram as tramas golpistas e antipatrióticas.
O ex-ministro José Dirceu destacou a importância de mudar a correlação de forças no Congresso Nacional nas eleições de 2026 e “retomar as ruas” com atos em defesa da soberania e da democracia.
Carlos Lupi, presidente do PDT e ex-ministro da Previdência de Lula, declarou que “nós somos do time de Tiradentes. Eles são do Silvério dos Reis”.
Veja o ato na íntegra:
O ex-ministro da Ciência e Tecnologia e ex-presidente do PSB, Roberto Amaral, falou que somente o povo brasileiro, quando organizado, pode sustentar a soberania brasileira. “Ou voltamos a organizar a população brasileira, ou não adianta falar em soberania”.
João Vicente Goulart, filho do ex-presidente Jango, citou a participação dos Estados Unidos no golpe de 1964, que depôs seu pai. Ele ainda alertou que o País precisa de “soberania energética”. “Soberania é a recuperação da Petrobrás, da BR Distribuidora. Precisamos de um projeto energético para o Brasil e resgatar as empresas públicas”.
A presidente da UNE, Bianca Borges, lembrou que no dia 1 de abril de 1964 a sede da entidade estudantil foi incendiada pelos golpistas. “Nós vivemos mais um momento em que os olhos do mundo estão voltados para as nossas riquezas. E isso exige, mais uma vez, a defesa da soberania como algo inegociável”, disse.
Leia a íntegra do Manifesto pela Soberania Nacional:
A SOBERANIA DO BRASIL NÃO SE NEGOCIA!
Os abaixo assinados, reunidos no dia 1º de Setembro na sede do Clube de Engenharia do Brasil, diante das ameaças que vive nossa Nação, vêm se pronunciar publicamente perante o povo brasileiro.
O Brasil é uma nação forjada em mais de dois séculos de lutas, entre elas a conquista da Independência, a superação da escravidão, a construção da República e a defesa permanente dos direitos trabalhistas e da Democracia. Esses marcos constituem o patrimônio imaterial de nosso povo, que jamais aceitou submissão ou tutelas estrangeiras.
Hoje, essa mesma soberania está sob ameaça. Interesses do governo de uma nação estrangeira buscam impor restrições à nossa economia, interferir em nossas instituições e ditar os rumos do nosso desenvolvimento. Infelizmente, com o incentivo e colaboração de brasileiros, que traem nossa Pátria, em conluio com os agressores externos, atacando a Justiça de seu próprio País.
Trata-se de um ataque grave ao Estado Democrático de Direito e à autodeterminação de nossa Pátria.
Não aceitaremos intimidações, nem ingerências que atentem contra a liberdade do povo brasileiro de decidir seu próprio destino.
Nossa Constituição é clara: o Brasil rege-se pela independência nacional, pela prevalência dos direitos humanos, pela não intervenção e pela igualdade entre as nações.
Exigimos, portanto, o mesmo respeito que oferecemos ao concerto internacional.
Neste momento, em que pressões externas tentam subjugar o Brasil, nós da sociedade civil, entidades representativas, a academia, trabalhadores, intelectuais, estudantes e os brasileiros em geral unimo-nos em um só propósito: defender a soberania nacional como condição para a Democracia, o desenvolvimento e a justiça social. Por isso, eventuais diferenças políticas devem ceder lugar àquilo que nos une: o amor à nossa pátria e a defesa de sua integridade.
Curvar-se a imposições externas é abrir mão do nosso futuro, é negar a possibilidade de uma nação livre, justa e solidária. A soberania do Brasil é inegociável. É sobre ela que repousa o direito de nosso povo construir seu destino com dignidade e independência. Vamos permanecer vigilantes e atuantes como uma assembleia permanente até que cessem essas abomináveis agressões externas à nossa Pátria!
Viva o Brasil!
Viva a Soberania Nacional!