Ruas e avenidas vazias, postos de gasolina fechados e escolas, colégios, comércios, centros turísticos e a maioria das pequenas e médias empresas privadas fechadas marcaram a sexta-feira, 13, em Manágua e nas principais cidades da Nicarágua.
Os mais populares mercados da capital também suspenderam as atividades, segundo informou o canal 14 de televisão.
Esta é a segunda greve nacional realizada desde que começaram os protestos contra o governo de Daniel Ortega, há quase três meses. A primeira aconteceu no último 14 de junho.
Na quinta-feira, dia 12, sob uma intensa chuva, ondeando bandeiras da Nicarágua, milhares de pessoas marcharam em Manágua, para exigir a saída do presidente Daniel Ortega, e denunciando a violência desatada pelo governo, que tem provocado mais de 300 mortos em três meses de protestos.
Os manifestantes percorreram de forma pacífica mais de 5 quilômetros na marcha denominada ‘Juntos somos um vulcão’. Os participantes entoavam consignas como: “Que vão embora, que vão”, em referência a Ortega e a sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo.
“Não mais ditadura” ou “Estão nos matando”, diziam cartazes nas mãos de muitos estudantes universitários, registrou em reportagem o jornal La Jornada.
Da manifestação participou também uma numerosa delegação do movimento Mães de Abril, que agrupa familiares das centenas de jovens mortos a partir de 18 de abril, quando ocorreu o primeiro protesto. Ao repúdio contra uma reforma do sistema de pensões no mais puro estilo neoliberal se somou a rejeição aos cortes do orçamento da educação e da saúde, à corrupção imperante já impossível de esconder; e a revolta se transformou em exigência de saída do poder de Ortega e Murillo, convocando eleições antecipadas.
A Nicarágua vive um estado de exceção, com paramilitares que impunemente percorrem o país em caravanas da morte. “Exigimos o fim da repressão, queremos justiça e democracia”, disse a advogada Azahálea Solís, dirigente do movimento Aliança Cívica, que convocou a marcha.
Intelectuais e artistas nicaraguenses como Sergio Ramírez, Gioconda Belli e os músicos Carlos e Luis Enrique Mejía Godoy, entre outros, instaram a comunidade internacional a interceder para um cessar imediato da violência e repressão contra manifestantes antigovernamentais na Nicarágua.
SUSANA SANTOS