A mobilização dos movimentos sociais contra os juros altos praticados pelo Banco Central teve início nesta terça-feira (14) com manifestações em frente à sede do Banco Central, em Brasília, e às suas representações em São Paulo e no Rio de Janeiro
Movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos que compõem o governo Lula estão dando início a uma campanha ampla contra os juros extorsivos e que beneficiam os rentistas.
Essa mobilização conta com manifestações de rua, como as que acontecem em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, com a construção de uma Frente Parlamentar Contra os Juros Abusivos, coleta de assinaturas para um abaixo-assinado e outras atividades.
A palavra de ordem da mobilização está sendo “menos juros, mais empregos”. Na internet, está sendo usada a hashtag #JurosBaixosJa.
A presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, que participou da organização do ato na Avenida Paulista, denunciou que “temos os juros mais altos do mundo. Com o controle do Banco Central, o sistema financeiro eleva a Selic [taxa básica de juros] e não controla a inflação. Manter taxa de juros, neste momento, vai encarecer o crédito, em um momento em que a população está sem renda, desaquecendo a economia brasileira”.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) registrou atos em 9 Estados e no Distrito Federal. São eles: São Paulo; Rio de Janeiro; Pará; Minas Gerais; Paraná; Ceará; Rio Grande do Sul; Pernambuco; e Bahia.
FRENTE PARLAMENTAR
Às 16h30 de terça-feira (14), no Salão Verde da Câmara dos Deputados, será lançada a Frente Parlamentar Contra os Juros Abusivos, que atuará para pressionar pela diminuição dos juros.
Parlamentares de partidos que compõem a base do governo Lula, como o PT, o PCdoB, o PSol, a Rede, compartilharam mensagens em apoio ao lançamento.
O PCdoB, em publicação nas redes, disse que a Frente está sendo lançada por “entender que a questão dos juros altos é central para a economia brasileira e para a geração de empregos”. O objetivo é “mobilizar parlamentares e a sociedade sobre o tema”.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), líder do PCdoB na Câmara, afirmou que “a política monetária pode definir se nós vamos industrializar ou não o Brasil, se nós vamos ou não gerar emprego, se haverá ou não investimento. Nós defendemos o rebaixamento dos juros. Não há nenhuma justificativa e nem demanda para manter esses juros altos”.
O PT, partido do presidente Lula, afirmou que “derrubar os juros é fundamental para que o Brasil possa voltar a crescer economicamente e se desenvolver socialmente. Dados do próprio Banco Central confirmam que para cada 1 ponto percentual a mais na taxa Selic, a dívida pública bruta cresce R$ 35 bilhões”.
“A taxa Selic tem influência direta nas demais taxas de juros praticadas na economia. Quando o Banco Central mantém os juros altos há um impacto também nos juros do cheque especial, do cartão de crédito e de empréstimos”, acrescentou a legenda.
O deputado Guilherme Boulos (PSol-SP), mais votado de São Paulo, disse que “já passou da hora: os juros precisam cair para que o Brasil volte a crescer!”.
ABAIXO-ASSINADO
Outro ponto da mobilização #JurosBaixosJa é o abaixo-assinado para o manifesto de economistas contra os juros altos, denominado “Taxa de juros para a estabilidade duradoura: Manifesto de economistas em favor do desenvolvimento do Brasil”.
Os economistas e os subscritores afirmam que as taxas de juros no Brasil são “exageradamente elevadas” e estão em “níveis inaceitáveis”.
“A razoabilidade da taxa de juros é uma condição indispensável para a normalidade econômica. Sem isso, os investimentos perderão para as aplicações financeiras e as remunerações do trabalho e da produção vão perder para a especulação”, defendem.
O texto apoia uma “nova política econômica, promotora de crescimento e prosperidade compartilhada”.
“O Brasil só poderá alcançar os objetivos da estabilidade econômica, política e institucional se juntos formos capazes de aumentar a produção e a produtividade, os empregos e os bons empregos (…). O estrangulamento das atividades produtivas e criadoras não é uma solução”, continua o manifesto.
Os signatários defendem “uma política que seja capaz de reduzir substancialmente a taxa de juros, propiciando as condições para a retomada do desenvolvimento com estabilidade sustentável”.
O texto foi escrito pelos economistas Luis Carlos Bresser-Pereira, Leda Paulani, Monica de Bolle, Luis Gonzaga de Mello Belluzzo, Luciano Galvão Coutinho, Nelson Marconi, Antonio Corrêa de Lacerda, Clélio Campolina, Paulo Nogueira Batista Jr. e Lena Lavinas.
O abaixo-assinado pode ser acessado em: https://chng.it/NRK7sqpSrc