A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou na última sexta-feira (23) uma resolução na qual pede ao governo venezuelano que “reconsidere a convocação de eleições presidenciais”, que antecipou unilateralmente para o dia 22 de abril, “e apresente um novo calendário eleitoral”.
A gravidade dos atropelos cometidos por Maduro fizeram com que mesmo governos independentes dos Estados Unidos e tradicionalmente aliados da Venezuela, como Nicarágua e El Salvador, se abstivessem da votação.
Entre outros abusos, salta aos olhos a antecipação das eleições do Parlamento – controlado pela oposição – de 2020 para este ano, o que reduz os mandatos dos deputados em 24 meses, e o fato do governista Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter dado apenas quatro dias – da última sexta-feira até segunda – para a inscrição das candidaturas presidenciais.
Sem limites, Maduro queria ir além, e pressionava para que as eleições parlamentares fossem realizadas já, junto com as eleições presidenciais, o que nem mesmo o CNE conseguiu sustentar.
Aprovado por 19 votos a 5, com oito abstenções, o texto definido pelo Conselho Permanente da OEA aponta que o atual cenário “impossibilita a realização de eleições democráticas, transparentes e confiáveis” e solicita ainda que a Venezuela implemente medidas para evitar o agravamento da situação humanitária, frente à inflação galopante e à escassez de alimentos e de remédios.
O desequilíbrio de Maduro na condução do processo eleitoral, como de resto no do conjunto da política e da economia, abriu espaço para que os EUA lograsse seu objetivo e para que a direitista Mesa de Unidade Democrática (MUD) anunciasse que não inscreveria candidatos à disputa presidencial.