
Estudo divulgado recentemente pelo site The Intercept revelou a intimidade da gigante das comunicações AT&T e a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, corroborando para um processo de espionagem ilegal e massiva. Conforme a pesquisa, oito instalações da AT&T em Nova Iorque, Chicago, Atlanta, San Francisco, Los Angeles, Seattle, Washington D.C. e Dallas foram utilizadas pela NSA para servir “como parte crítica de um dos sistemas eletrônicos de espionagem mais poderosos do mundo”.
As novas revelações sobre a “relação especial” entre a AT&T e a NSA possibilitam uma visão mãos ampla do espectro físico da infraestrutura da espionagem, deixando claro que vai muito além do patamar de vigilância.
Os oito pontos identificados pelo The Intercept são diferentes de outras centenas de locais propriedade da AT&T nos EUA, em que primeiro se transportam e processam grandes quantidades de dados, não somente dos próprios clientes da companhia, mas também de outros provedores da internet. Como nem todos os operadores de internet têm a infraestrutura para enviar dados de maneira eficiente ou rentável, quando uma área fica congestionada o tráfego é redirecionado para outra banda com capacidade de sobra (a qual é alugada ou comprada).
Devido à sua posição, como uma das maiores companhias de telecomunicações dos EUA, a imensa rede da AT&T é usada com frequência por outros operadores para transportar os dados de seus clientes. Integram a lista das empresas que usam a infraestrutura da AT&T a Sprint e a Level 3, assim como gigantes estrangeiras como a sueca Telia, a indiana Tata Communications, a italiana Telecom Italia, e a alemã Deutsche Telekom. A transferência inicial de dados entre elas tem lugar via terceiros, porém logo grande parte deles, ou todos, é encaminhado por meio dos oito pontos principais, conhecidos como “peering sites” (locais de interconexões com outros provedores). E são essas instalações as que estão sendo postas a serviço do programa de vigilância da NSA.
Mark Klein, técnico que trabalhou na AT&T por mais de 22 anos, destacou que ter acesso ao “peering sites” permite à empresa ter um acesso muitíssimo maior aos dados, porque “pela natureza das suas conexões, são responsáveis por levar o tráfico de todo o mundo de um a outro ponto durante o dia, a semana e o ano”.
O tipo e a quantidade de dados que o controle destes pontos estratégicos permite à NSA são verdadeiramente assustadores, revela o estudo. O fato é que a maioria dos dados são transmitidos, de todas as partes do planeta, via a vasta rede de cabos submarinos de fibra ótica supervisionada pelos EUA, cujas companhias exercem seu predomínio. É esta “vantagem” que a NSA tem explorado de forma sistemática com o total apoio da AT&T.