Líder da Associação Brasileira de Investidores, Aurélio Valporto, diz que a insistência nos juros altos “é imbecilização do raciocínio econômico do BC e demonstra uma total desconexão da autoridade monetária em relação à realidade econômica do país”
O presidente da Associação Brasileira de Investidores (Abradin), Aurélio Valporto, afirmou nesta segunda -feira (13), em entrevista ao HP, que a insistência em manter os juros altos “é imbecilização do raciocínio econômico do Banco Central”. “É não é só lamentável, é criminosa”, apontou Valporto.
“A inflação é um sintoma, que pode ter diversas causas. Ao subir e manter os juros no atual patamar, o BC identifica que o processo inflacionário brasileiro tem como causa o excesso de demanda em relação à oferta, o que demonstra uma total desconexão da autoridade monetária em relação à realidade econômica do país”, argumentou o representante dos investidores.
O economista e dirigente da Abradin foi incisivo em sua crítica à atual política de juros do Banco Central. “Temos um Banco Central autista”, disse ele. “Para o nosso Banco Central vale o raciocínio pedestre dos terraplanistas da economia: se os preços sobem é porque as pessoas estão comprando muito, então vamos tirar o dinheiro delas subindo os juros'”, destacou.
Somando-se a vários outros economistas que lançaram neste fim de semana um manifesto com mais de 600 signatários contra a política levada a cabo por Roberto Campos Neto, presidente do BC, Valporto defende mudanças para se adequar aos objetivos do ovo governo. “A política monetária é um dos pilares da política econômica. O Banco Central, autarquia da União, não pode impedir um governo eleito pelo povo de implementar a política econômica para o qual foi eleito”, argumentou.
Valporto já havia se manifestado, em entrevista à imprensa, sobre a polêmica entre o presidente Lula e o presidente do Banco Central. “Lula está coberto de razão quanto ao BC”, disse o economista, ressaltando, porém, não achar que a polêmica pública seja a melhor forma de agir. Apesar das críticas ao discurso do presidente, Valporto tem consenso com os pontos levantados pelo atual mandatário sobre a Selic.