Avião presidencial foi usado para levar as joias para os EUA no mesmo voo em que Bolsonaro viajou
A investigação da Polícia Federal identificou um áudio de Mauro Cid dando conta de que o general Mauro Lourena Cid (seu pai) estava em posse de US$ 25 mil, equivalente a aproximadamente R$ 125 mil, para serem entregues a Jair Bolsonaro. “Possivelmente pertencentes a Jair Bolsonaro”, segundo a PF.
Em uma conversa de Whatsapp, o ajudante de ordens Mauro Cid falou que “tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente (…) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (…). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor né? (…)”.
Além das estátuas, Jair Bolsonaro e sua equipe levaram para os Estados Unidos pacotes com joias e relógios de luxo que foram vendidos em lojas especializadas.
“Identificou-se que os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-Presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem localização e propriedade dos valores”, afirmou a Polícia Federal.
NO MESMO AVIÃO DA VIAGEM AOS EUA
O avião presidencial foi usado para levar para os Estados Unidos, em dezembro de 2022, as esculturas que recebeu de presente da Arábia Saudita, que seriam vendidas por seu ajudante de ordens, Mauro Cid, e seu pai, Mauro césar Lourena Cid.
De acordo com a polícia, o dinheiro proveniente da venda ilegal das joias presenteadas abasteceu o bolso do ex-presidente.
“Os elementos colhidos evidenciaram que as esculturas foram evadidas do Brasil, em uma mala transportada no avião presidencial, no dia 30 de dezembro de 2022”, afirmou a Polícia Federal em relatório usado como base para as operações contra Mauro Cid e outros criminosos.
Nesse trecho, a PF se refere a uma escultura dourada de uma árvore e outra de um barco, que Bolsonaro recebeu de presente “na condição de Chefe de Estado do Governo Brasileiro, em compromissos oficiais com representantes de outros países”.
Bolsonaro recebeu em mãos as esculturas em um evento em Bahrein, no Oriente Médio.
As duas esculturas foram levadas para os Estados Unidos com o objetivo único de serem vendidas.
Para isso, seu ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, organizou todo um esquema para que a mala com as esculturas fossem buscadas por um aliado em Orlando, na Flórida, onde Bolsonaro estava hospedado, e levadas para Miami.
Em Miami, seu pai, o general Mauro Cesar Lourena Cid, levou as esculturas do barco e da árvore para lojas especializadas em compra e venda de joias e de ouro para que fossem avaliadas.
No entanto, “os bens não possuíam o valor patrimonial esperado pelos investigados, fato que frustrou a alienação das esculturas”, explicou a PF.
Segundo o general Mauro Lourena Cid, em aúdio enviado para seu filho, as estátuas tinham “partes” de ouro, mas não eram totalmente feitas do metal precioso.
Em um áudio enviado por Mauro Cid para um aliado, o ajudante de ordens explica que Jair Bolsonaro só não pegou de volta as estátuas com o general Mauro Cid em Miami porque elas não “valem nada”.
O aliado, coronel Marcelo Camara, que era assessor especial de Bolsonaro, disse não saber porque o ex-presidente “não pegou a encomenda toda”.
Cid respondeu: “Ele não pegou porque não valia nada. Então tem (…) tem aqueles dois maiores: não valem nada. É, é… não é nem banhado, é latão. Então meu pai vai, vai levar pro Brasil na mudança (…)”.
Enquanto presidente da República, Jair Bolsonaro não pode se apoderar de presentes que recebeu de outros países. Estátuas similares às que Bahrein deu ao Brasil estão no acervo da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Câmara dos Deputados.
No entanto, Jair Bolsonaro nunca sequer as incluiu nos acervos privados e públicos da Presidência. Isso porque ele sempre teve o objetivo de vender as estátuas.
A PF destacou que existem “indícios de que as esculturas possam ter sido desviadas do patrimônio público, sem sequer terem sido submetidas ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) para avaliação de decisão a quanto a destinação ao acervo público brasileiro ou privado do ex-presidente”.
Conforme a matéria tudo aponta ser mais uma picaretagem do Bolsonaro: significado de picaretagem: fraude, ação que visa enganar, iludir, burlar; ato moralmente condenável que tem por objetivo conseguir compensações e favores; foi exatamente isto que ocorreu com as joias.
A verdade acima de tudo.