
O ex-presidente Jair Bolsonaro deu orientações para seus aliados sobre a tentativa de instalar uma CPI contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e para barrar o PL de Combate às Fake News, mostram mensagens obtidas pela Polícia Federal em seu celular.
As mensagens, reveladas pelo jornal Estado de S.Paulo, foram obtidas no celular de Jair Bolsonaro apreendido em maio de 2023, em meio à investigação sobre a fraude nos cartões de vacinação. As conversas anteriores foram excluídas por Jair e a PF não conseguiu recuperá-las.
O deputado Hélio Lopes (PL-RJ), que já pediu para ser chamado de Hélio Bolsonaro, perguntou a Jair Bolsonaro sobre a “CPI de abuso de autoridade”, que era uma tentativa de investigar o ministro Alexandre de Moraes.
“Boa noite, presidente. A galera tá me pressionando aí porque Eduardo, todo mundo assinou essa CPI de abuso de autoridade do TSE e do STF e eu não assinei até agora porque… eu não queria entrar nessa bola dividida, com medo de prejudicar até o senhor mesmo nas decisões lá. O que o senhor acha aí mais ou menos?”, questionou o deputado bolsonarista.
O ex-presidente o orientou: “Eu assinaria. Sempre existe a possibilidade de retaliações”. Hélio respondeu, então, que assinou o pedido de abertura de CPI.
Apesar de os bolsonaristas terem conseguido o número mínimo de assinaturas para a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), o pedido foi travado pelo então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A CPI foi uma tentativa de Jair Bolsonaro de abrir caminho para se safar e não ser julgado por seus crimes. Ele e seus aliados repetem que o Supremo e, em especial, o ministro Alexandre de Moraes, cometem abusos ao investigar os golpistas que tentaram instalar uma ditadura no país.
Derrotados no caso da CPI, os bolsonaristas agora estão aliados ao governo de Donald Trump, que faz chantagem com sanções contra o Brasil pedindo o fim do processo contra Jair Bolsonaro.
Outra conversa revelada pelo Estadão mostra que Jair Bolsonaro conversava com seu filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sobre como eles deveriam agir para barrar o PL de Combate às Fake News (PL 2.630/20), que também trata da regulamentação das redes sociais.
No começo de maio, o Projeto de Lei chegou a ser pautado, mas o relator, Orlando Silva (PCdoB-SP), retirou para conseguir mais votos e ampliar o debate. Eduardo informou a Jair que Orlando fez esse movimento.
Jair Bolsonaro falou que “tem que votar hoje”, com expectativa de que conseguissem derrotar o projeto e manter as redes sociais sem qualquer regulamentação. Eduardo, em seguida, disse que se manifestou “pela votação hoje, como líder da minoria”.
O PL de Combate às Fake News foi muito atacado pelas big techs, interessadas em manter um panorama em que não seguem qualquer regra dentro do Brasil. Os bolsonaristas se aliaram a essas empresas estrangeiras, como Google, Meta e X (antigo Twitter) para disseminar fake news sobre o Projeto.