A iniciativa, em Curitiba, dos apoiadores de Lula – condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro roubado – de carimbar notas de dinheiro com a efígie de seu ídolo, deve ser a ideia mais infeliz já acontecida na história das campanhas políticas (ou do “marketing político”, como prefere a cúpula petista).
Apesar de, no fundo, a homenagem ser adequada, o fato mostra a desorientação – já apontada, inclusive, por apoiadores de Lula – que reina no acampamento de Curitiba.
Nessa situação, o significado inconsciente dos atos começa a aparecer com mais clareza – e publicamente.
O que está errado nesse acampamento, naturalmente, é o seu objetivo: defender um ladrão do dinheiro do povo. Para isso, enganam-se pessoas, apresentando o indivíduo como “perseguido”, e expondo-as a riscos totalmente desnecessários – inclusive a malucos e fascistoides, que se aproveitam dessa irresponsabilidade.
É verdade que cada vez são menos os que participam (as pessoas, em geral, trabalham diariamente, ou, se estão desempregadas, têm que procurar emprego).
Mas, como já apontamos (ver matéria abaixo), é evidente que a tensão, e os atritos com os moradores, estão aumentando em Curitiba, e quanto mais minguante é o número de acampados, pior.
E não é possível alegar que a vizinhança do acampamento é composta de reacionários: mesmo que fossem, eles fazem parte da sociedade – e são moradores do bairro.
Além disso, não se pode dizer que reivindicar impunidade para um criminoso, condenado duas vezes, seja uma causa progressista… Incomodar os outros, quando o objetivo é tão injusto, costuma causar muitos focos de irritação.
Com uma agravante: depois do episódio em que o empresário Carlos Alberto Bettoni sofreu traumatismo cranioencefálico e passou 22 dias hospitalizado, após ser agredido por apoiadores de Lula, na frente do instituto de mesmo nome, nem se pode dizer que a violência parte apenas de bolsonaristas e assemelhados.
CAIXAS
Na sexta-feira (04/05), um morador do bairro entrou sozinho no acampamento, às 9:30 h da manhã, e, na frente de todos, derrubou (ou destruiu, segundo a versão do PT) caixas de som durante a berraria denominada “Bom dia, Lula”.
O morador foi contido pela segurança do próprio acampamento e identificado como Gastão Schefer Neto, delegado da Polícia Federal (PF). A Polícia Civil anunciou que não houve feridos e que, tanto os apoiadores de Lula quanto o delegado Schefer Neto, registraram Boletins de Ocorrência.
A Polícia Federal informou que não iria se pronunciar sobre o episódio, porque Schefer Neto não estava agindo como funcionário da instituição, mas como morador do bairro, sujeito à investigação pela Polícia Civil.
Muito destaque foi dado, pelos lulistas, ao fato de Schefer Neto ter sido candidato a deputado federal pelo PR nas últimas eleições, defendendo causas como o porte de arma para qualquer cidadão e a redução da maioridade penal.
Esqueceram que o PR, nas últimas eleições, fazia parte da coligação que apoiou a candidata Dilma Vana Rousseff.
TIROS
Em novo depoimento à Polícia Civil do Paraná, Jefferson Lima de Menezes, atingido de raspão durante os disparos contra o acampamento do PT em Curitiba, na madrugada de 28 de abril, declarou que houve uma discussão, antes das balas.
Jefferson era membro da segurança do acampamento – e é presidente do Sindicato dos Motoboys do ABC. Segundo relatou, um homem, dentro de um carro em movimento, proferiu insultos contra os integrantes do acampamento.
O fato chegou ao seu conhecimento através de “quatro rapazes”. Depois disso, “na frente do acampamento estavam os mesmos quatro rapazes, que novamente relataram ao declarante que o veículo que havia passado anteriormente havia retornado e novamente hostilizado as pessoas do acampamento com xingamentos”.
Nesse momento, disse Jefferson, “se dirigiu mais a frente, descendo o desnível que existe entre o acampamento e a calçada”. Foi quando alguém o alertou para “um indivíduo que estava na diagonal do outro lado da rua; o indivíduo jogou o que parecia ser um cigarro na rua e já passou a efetuar os disparos. Em dado momento, o atirador recuou, recarregou a pistola e voltou a atirar”.
O tiro que atingiu Jefferson foi disparado de uma distância de cerca de 50 metros, por um homem branco, vestido com moletom e capuz na cabeça.
Outro integrante do acampamento, também ouvido pela polícia, relatou que, depois dos insultos, os acampados atiraram pedras contra o veículo. O homem, então, parou o carro e disse que “voltaria para matar”. Momentos depois, um homem chegou à pé ao acampamento e começou a atirar.
O que é impossível deixar de notar no acampamento dos apoiadores de Lula é como, manipulando a boa fé de alguns, desperdiça-se a energia – a bem dizer, a vida – das pessoas, que têm coisa melhor a fazer do que defender um corrupto.
C.L.
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