
Medida restringirá investimentos, a competitividade, e elevará os custos de produção, com “impactos negativos sobre a geração de empregos e a renda das famílias”, afirma Flávio Roscoe
Na última quarta-feira (07), o Copom, Comitê de Política Monetária do Banco Central, promoveu, por unanimidade, uma nova elevação da taxa básica de juros, a Selic, alçando-a em 14,75% ao ano. O aumento de 0,5 pontos percentuais é a continuidade do aperto monetário orquestrado por Campos Neto e capitaneado por Galípolo que busca asfixiar a economia, sendo suas consequências letais ao setor industrial.
Para a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o aumento dos juros “restringirá investimentos, a competitividade, e elevará os custos de produção” e o presidente da entidade, Flávio Roscoe, alerta para os efeitos defasados e desproporcionais que o aperto monetário causa sobre a atividade econômica em meio a uma conjuntura internacional turbulenta, marcada por incertezas e pela guerra comercial entre EUA e China, que já reduz a marcha da economia global:
“Esse contexto contribui para aprofundar a desaceleração da atividade econômica doméstica já em curso, e a adoção dessa medida tende a intensificar ainda mais o enfraquecimento da economia, com impactos negativos sobre a geração de empregos e a renda das famílias.”
É fato consumado que os efeitos de mudanças na taxa de juros tem seus efeitos defasados no tempo, sobretudo quando visa reduzir a inflação. Isso quer dizer que é somente no futuro que a economia sentirá os efeitos do aumento da Selic, na forma de uma esperada inflação reduzida e menor produto.
Com o aumento dos juros, os agentes econômicos remodelam suas expectativas e decisões de investir e consumir – mais especificamente e sem rodeios, pensam duas vezes antes de tomar essas decisões, cruciais para a geração de empregos. Sendo pragmático, o ciclo de aumento dos juros condena a economia brasileira no presente e no futuro, afundando-a cada vez mais.
O posicionamento assertivo da Fiemg vem na esteira dos diversos questionamentos de movimentos sociais e industriais com relação à conduta financista e anti-nacional do Banco Central em 2025. Mesmo com a indicação de Galípolo para a presidência e a composição majoritária do Copom por indicações deste governo, a política monetária segue vestindo as roupas grotescas de Campos Neto.
Como bem pontuou Roscoe, a decisão do Copom não considera a desaceleração econômica já em curso pelo cenário internacional e pelos aumentos anteriores da Selic. A Fiemg não é uma voz isolada na cruzada contra os juros altos, é uma de muitas que segue ignorada pelo Banco Central em suas salas de reuniões. Feliz com esse juros, somente os financistas da Faria Lima.
LUCAS SANTOS MARÇAL