O chanceler da Áustria destaca disparada dos preços do gás e conclama os países da União Europeia a buscarem uma solução conjunta
“Temos que deter esta loucura que está acontecendo nos mercados de energia da Europa imediatamente”, alertou o chanceler (equivalente a premiê) da Áustria, Karl Nehammer, acrescentando que vai buscar convencer desta urgência aos demais integrantes do bloco da União Europeia.
“Alguma coisa finalmente precisa acontecer. Conclamo os 27 Estados membros da UE a se posicionarem em conjunto para parar esta explosão de preços imediatamente”, acrescentou o líder austríaco.
Antes das sanções contra a Rússia, a Áustria baseava 80% do seu consumo de gás no produto russo, particularmente para suprir necessidades de sua indústria e aquecimento.
Neste sentido, o chanceler da Áustria, afirmou que é urgente deter a crise energética que a Europa atravessa por conta do conflito na Ucrânia, sublinhando que após as sanções contra a Rússia os preços da energia no continente dispararam para níveis históricos em termos de descontrole.
“O gás russo é essencial para o bom funcionamento da economia europeia, pois é o principal combustível de países como a Áustria, Hungria ou Alemanha. Por isso, é necessário impor preços únicos para este tipo de energia e estabilizar o mercado”, disse em comunicado divulgado pelo governo de seu país.
O chefe de governo austríaco frisou que a solução para a alta dos preços só pode ser alcançada por meio de uma decisão conjunta, não apenas atendendo aos interesses e necessidades de cada país, já que a dependência dos combustíveis russos é diferente em cada nação. A Hungria, por exemplo, é uma economia dependente do gás russo, mas não é o caso da Espanha: eles têm a Argélia como seu principal fornecedor.
“Isso [resolver a crise energética] só pode ser alcançado com uma solução europeia. Devemos fazer algo logo, porque do jeito como as coisas vão agora este mercado não se regulará por si só. Apelo a todos os vinte e sete [países da União Europeia ] para que cheguem a um acordo e se detenha imediatamente o aumento dos preços”, declarou o chanceler.
SANÇÕES ACABAM ATINGINDO PRINCIPALMENTE A EUROPA
O pedido de Karl Nehammer ocorre seis meses depois que a União Europeia (UE) e os Estados Unidos impuseram sanções a Moscou em retaliação à operação militar especial em solo ucraniano ordenada pelo presidente Vladimir Putin.
As sanções visavam enfraquecer e isolar economicamente a Rússia, um objetivo que não foi alcançado, segundo vários especialistas internacionais e chefes de Estado. Isso fez com que os preços da energia, principalmente do gás e do petróleo, crescessem consideravelmente, já que a Rússia é um dos maiores produtores de combustível do mundo.
Em sua ânsia de punir Moscou, a União Européia (UE) não percebeu que não tinha como prescindir da energia produzida lá e está procurando novos fornecedores de petróleo e gás sem muitos resultados ainda.
Os efeitos dos combustíveis mais caros se traduziram em bens e serviços mais caros. Na Áustria, por exemplo, atingiu-se em julho uma taxa de inflação anual de 9,3%, o valor mais elevado desde 1975.