“Presidente Jair Bolsonaro, o trânsito brasileiro não é uma fazenda”, rebateu, em nota, o presidente do Sindicato das Autoescolas e Centro de Formação de Condutores de São Paulo (Sindautoescola-SP), Magnelson Carlos de Souza.
Bolsonaro quer acabar com a obrigatoriedade de aulas nas autoescolas e exames.
Durante uma live no Facebook, feita na última quinta-feira (25), Jair Bolsonaro disse que para alguém ser habilitado a dirigir “não tem que cursar autoescola” e que “nem devia ter exame nem nada”.
“Será essa a solução para reverter os números cada vez mais preocupantes do trânsito brasileiro?”, questionou o presidente do sindicato na nota.
O Sindautoescola afirmou que o “que nos causa profunda preocupação e temor é a maneira simplista e inadequada que esse assunto está sendo levado à sociedade brasileira”.
“Neste momento de incertezas, se faz necessário, para o bem do trânsito brasileiro e da sociedade como um todo, que o presidente da República tenha responsabilidade ao tratar de um tema tão importante para o nosso país”, continua.
Para as autoescolas e centros de formação de condutores de São Paulo, “somente com respeito a todas as entidades e órgãos envolvidos com o trânsito brasileiro é que poderemos construir um novo cenário”.
O sindicato fez uma lista que prova a tragédia que é o trânsito brasileiro apesar da formação que Bolsonaro julga ser excessiva:
“Um acidente de trânsito por minuto é registrado no Brasil;
“O trânsito é a terceira causa de morte no Brasil e 70% delas envolvem jovens de 18 a 25 anos;
“O Brasil registra aproximadamente 37 mil mortes no trânsito, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade, de 2016;
“O Brasil é o 4º o país do mundo com maior número de mortes no trânsito, segundo o Datasus”.
Para Jair Bolsonaro, basta a “parte escrita apenas e ir para a prática logo”. “Não tem que cursar autoescola, ter aula de um monte de coisa que já sabe que vai acontecer”, disse durante sua live semanal no Facebook.
“Então, deveria ter uma prova prática e uma prova escrita ali. Seria o suficiente para tirar a carteira de habilitação”.
Como argumento, disse que aprendeu a “dirigir trator na fazenda em Eldorado Paulista (SP)” aos 10 anos de idade.
No começo de junho, Bolsonaro enviou para o Congresso Nacional um projeto que altera o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), retirando a obrigatoriedade do uso de cadeirinha para conduzir crianças e aumenta a tolerância quanto às multas.
O projeto aumenta de 20 para 40 o número de pontos necessários para que a CNH de alguém seja suspensa, aumenta a validade da carteira de 5 para 10 anos, entre outras coisas.
A esposa de Bolsonaro, Michelle, e o filho Flávio Bolsonaro superaram os 20 pontos máximos nos últimos 5 anos, tendo recebido 41 e 39, respectivamente. Jair Bolsonaro recebeu 18 pontos nos últimos anos, faltando apenas 2 para que sua CNH fosse suspensa.