Pela segunda vez neste mês, as autoridades da Itália e Malta se recusaram receber um navio de resgate com centenas de migrantes refugiados em seus portos.
O navio de resgate, o MV Lifeline, dirigido pela organização alemã Mission Lifeline, não conseguiu desembarcar as 234 pessoas que foram resgatadas de dois botes de borracha no Mediterrâneo na última quinta-feira (21).
Um outro navio, de carga, o Alexander Maersk, também estava esperando a autorização para atracar em um porto italiano com 110 migrantes resgatados a bordo. O que não aconteceu.
“Eles têm o direito de viver”, disse Axel Steier, fundador da Mission Lifeline, sobre os migrantes. “E eles têm o direito de procurar asilo, e isso não está sendo garantido no momento. É como se você estivesse preso no oceano”.
O novo ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, um opositor da imigração, negou a autorização ao navio a vir para a Itália e indicou a “devolução” das pessoas à Líbia. Ele também postou um vídeo em sua página no Facebook na quinta-feira, criticando o MV Lifeline.
A organização respondeu com seu próprio post no Facebook no domingo. “Caro Matteo Salvini, não temos carne a bordo, mas humanos”, dizia. “Nós cordialmente convidamos você a se convencer de que são as pessoas que salvamos do afogamento.”
O Centro de Coordenação de Resgate Marítimo Italiano esteve envolvido na coordenação de ambos os resgates. Mas as autoridades italianas não deixaram os navios atracar.
As autoridades maltesas trouxeram suprimentos humanitários para o MV Lifeline no sábado, mas Malta também lhes recusou a entrada, dizendo que não poderia assumir a responsabilidade pelo navio. O primeiro-ministro Joseph Muscat, de Malta, escreveu no Twitter que o navio deve se mover em direção ao seu destino original e que Malta “não tem responsabilidade por isso”.
Outro navio de resgate de migrantes, o Aquarius, passou pela mesma situação neste mês. Passou uma semana ao mar depois de ter sua entrada recusada pela Itália e Malta, com centenas de pessoas a bordo. Finalmente, o governo espanhol, recém-constituído, acabou aceitando dar abrigo ao Aquarius, e os migrantes desembarcaram em Valência.