“As pessoas que estão sem renda precisam ser amparadas pelo Estado, não há verba orçamentária, isto significa que o Estado terá que buscar outras saídas”, disse Antonio Corrêa de Lacerda, presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e professor da PUC-SP, sobre a prorrogação do auxílio emergencial de R$ 600.
O economista lembrou que o governo queria dar R$ 200 e o Congresso ampliou para R$ 600. Reduzir para R$ 300 como anunciou o governo, terá que passar pelo Congresso. “O governo poderia prorrogar mas sem reduzir o valor, para reduzir o valor terá que mandar uma outra lei para o Congresso, e acho que dificilmente será aprovado”, declarou Lacerda.
“A prorrogação do auxílio emergencial é necessária porque nós estamos longe ainda do pico da pandemia no Brasil, o que significa que os efeitos econômicos continuarão, dado necessário isolamento, mesmo que haja um afrouxamento modesto ou gradual. Então essas pessoas que estão sem renda precisam ser amparadas pelo Estado. Não há verba orçamentária, isto significa que o Estado terá sim que buscar outras saídas: emissão monetária, emissão de dívida, e o estado pode fazer isso especialmente num clima de calamidade pública que foi decretado logo após o início da pandemia”, disse Lacerda, em entrevista ao Jornal da Cultura, exibido no dia 9 de junho.
Lacerda também destacou que os números de desempregados e trabalhadores informais, que já era grande antes da pandemia, tenderá a aumentar nos próximos meses e por este motivo “é importante que haja esse colchão social, pois como é que essas pessoas sobreviverão?”, questionou Corrêa de Lacerda.
“Nós não sabemos o desenrolar da pandemia, ainda estamos em números ascendentes. Não atingimos uma estabilidade ou queda. Isso significa que a crise econômica, que é decorrente também da crise sanitária, vai ser prolongada e empregos ocorrem em função de atividade. Então, quanto menos atividade você tem, maior o número de desempregados”, analisou o economista.
Bolsonaro anunciou na semana passada (9), após reunião ministerial, que pretende renovar o auxílio emergencial por apenas dois meses, mas reduzido à metade. No mesmo dia ainda, durante transmissão nas redes sociais, Bolsonaro voltou a afirmar que iria reduzir o auxílio e ameaçou vetar qualquer alteração que a Câmara venha a fazer neste valor.