Segundo o Dieese, em fevereiro, a cesta básica em Florianópolis alcançou R$ 639,81, seguida pela de São Paulo (R$ 639,47), Porto Alegre (R$ 632,67), Rio de Janeiro (R$ 629,82) e Vitória (R$ 609,27)
Em 12 meses, ou seja, entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021, o preço do conjunto de alimentos básicos teve alta em todas as capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Na pesquisa de fevereiro de 2021, quando o país já manifestava recordes diários de mortes pela Covid-19 e o auxílio emergencial já estava suspenso há dois meses, o preço da cesta básica estava em R$ 639,47 em São Paulo, por exemplo. Em Florianópolis, alcançou R$ 639,81, Porto Alegre, R$ 632,67; Rio de Janeiro, R$ 629,82, e Vitória, R$ 609,27.
Embora diversos setores da sociedade estejam defendendo a renovação imediata do auxílio emergencial de R$ 600 – baseado no valor da cesta básica, ou seja, no mínimo necessário para a subsistência de uma pessoa adulta – o governo de Bolsonaro está pressionando o Congresso Nacional pela aprovação de um programa que pagará, em média, R$ 250. O valor “compra” apenas 32% da cesta de São Paulo.
“Nós acompanhamos os índices de custo de vida e fazemos a pesquisa nacional da cesta básica de alimentos. Estamos vivendo um processo inflacionário que afeta sobretudo as famílias mais pobres. Portanto, o valor de R$ 600 para o auxílio emergencial é condizente com o valor da cesta básica”, defende Victor Pagani, supervisor técnico do Dieese.
O aumento acumulado em dozes meses de pandemia chegou a quase 30% em algumas capitais, tornando mais difícil a vida da legião de desempregados e trabalhadores informais que ficaram sem renda.
Concomitante ao aumento dos preços, o desemprego atingiu níveis históricos. A renda emergencial de R$ 600, aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado, passou a ser a única fonte de sustento de milhões de brasileiros – que, contudo, foi cortada à metade pelo governo federal antes de ser definitivamente suspensa em 2021, em meio ao recrudescimento da pandemia da Covid-19 e da crise econômica. O ano passado, o Produto Interno Bruto encolheu 4,1% e as previsões para o primeiro trimestre deste ano são todas negativas.
“Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em fevereiro, na média, 54,23% do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em janeiro, o percentual foi de 54,93%”, diz o Dieese.