Com o triste recorde de desempregados no patamar de mais de 14 milhões, com o número daqueles que trabalham menos horas do que poderiam trabalhar, atingindo outro recorde negativo de 7,5 milhões de trabalhadores, com a prostração imposta a 5,6 milhões de desalentados, com 19 milhões de brasileiros passando fome, o corte no auxílio emergencial em 2021 em relação a 2020 deixou as famílias e de quebra a economia numa situação de penúria.
O impacto negativo da medida de redução do benefício se agrava agora com o descontrole do custo de vida, que faz com o que o auxílio emergencial perca até 78,7% do poder de compra da cesta básica na região metropolitana de São Paulo desde que o programa foi criado, em abril de 2020.
O auxílio emergencial de 2021 termina no próximo mês de outubro. O benefício previu pagamentos de quatro parcelas mensais no valor médio de R$ 250. As pessoas que moram sozinhas têm direito a parcelas no valor de R$ 150. A mulher chefe de família tem direito a quatro parcelas mensais no valor de R$ 375. Diferentemente de 2020, quando o auxílio emergencial foi de R$ 600 e o número de beneficiados próximo a 68,2 milhões de pessoas. Algo em torno de 22,6 milhões a mais do que na atual rodada de pagamentos e por isso mesmo capaz de ter impacto positivo na proteção das famílias e na dinamização a economia.
Com o valor mínimo de R$ 600 era possível comprar uma cesta completa de itens essenciais para a alimentação familiar ao custo de R$ 556,25, e ainda sobrava um troco.
Agora com os R$ 150, R$ 250 ou R$ 375 do benefício atual e com a cesta básica subindo 16,9%, o valor mínimo de R$ 150 dá para comprar apenas 23% de uma cesta básica de R$ 650,50. Os valores da cesta básica são calculados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Para compensar o aumento da cesta básica em São Paulo, o auxílio emergencial em agosto deveria ter sido de R$ 701,66 contra os R$ 600 anteriormente e que hoje está nos R$ 150,00 ou, para mulheres que proveem suas casas sozinhas, de R$ 1.403,33 contra os R$ 1.200 anteriores e quando na situação atual é de R$ 375,00, segundo dados do UOL
O governo faz conta para ver o que sobra para editar o Auxílio Brasil, quando precisava fazer ao contrário. Definir a necessidade de proteção social para manter as famílias com comida na mesa e a partir dai ajustar as contas. Não há nenhuma razão para acreditar que desse imbróglio todo saia algo melhor do hoje já superado Bolsa Família.
Bolsonaro está deixando o país à deriva. Inflação de alimentos, de combustíveis, de energia elétrica e de tudo mais que virá pela frente.
Quanto mais se reduzem as condições de ganhar no grito as próximas eleições, ainda mais de vencê-las no voto, aumenta a alucinação do seu projeto de poder, deixando para aqueles quem têm responsabilidades com a nação forjar uma frente política tão ou mais ampla do que a das Diretas Já para decretar o impeachment e remover o câncer que se instalou no Palácio do Planalto.
J.AMARO