Segundo nota conjunta da Black Storm Military Industries e da Avibras, as tratativas para a venda estão avançadas
A Avibras Indústria Aeroespacial comunicou na sexta-feira (31) que está em negociações com a empresa saudita Black Storm Military Industries para viabilizar a venda da empresa brasileira, segundo reportagem do site de notícias Sputnik Brasil.
A empresa especializada em defesa vive uma grave crise financeira e seus trabalhadores estão sem salário há quase dois anos. O Sindicato dos Metalúrgicos da região confirmou ao HP as tratativas para a venda.
A Avibras desenvolve mísseis e foguetes para aplicações militares, como o Skyfire e o lançador Astros II. A empresa integra o grupo de Empresas Estratégicas de Defesa (EEDs) do Brasil, grupo seleto de companhias consideradas fundamentais no desenvolvimento tecnológico e científico e na promoção da segurança e defesa nacionais.
Várias ingerências vinham sendo feitas junto ao governo e até um projeto de lei foi apresentado para que a empresa, uma das mais avançadas do mundo na produção de mísseis e lançadores de foguetes, permanecesse em mãos de brasileiros.
Entretanto, o desfecho com as “tratativas avançadas” de venda da Avibras para a empresa saudita mostra que não houve avanços nas conversas com o governo visando a defesa da soberania nacional nesta área.
Em nota conjunta com a Black Storm Military Industries, a companhia de defesa brasileira fala em tratativas avançadas para “viabilizar um potencial investimento que visa a recuperação econômico-financeira da Avibras”. De acordo com o comunicado, “as instalações da fábrica no Brasil serão mantidas e a expectativa é da retomada da indústria, localizada em Jacareí (SP), o mais rápido possível”.
Segundo ainda a nota, será “garantindo o cumprimento das obrigações da empresa com o governo brasileiro e demais clientes, seus credores e, especialmente, os colaboradores da Avibras”. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, por meio de comunicado, afirmou que a intenção de venda da fábrica já foi assinada, mas existe um prazo de 45 dias para que o processo seja concluído.
Na nota, o sindicato informou que há quase três anos trava uma luta contra a empresa em defesa dos empregos e salários dos trabalhadores e pela permanência da Avibras no Brasil. Segundo a associação, os funcionários estão há quase 22 meses sem receber salários. “Para a entidade, é preciso colocar um ponto final nessa situação dramática vivida pelos trabalhadores”, afirma o comunicado.
O sindicato informou também que encaminhou um ofício à Avibras solicitando uma reunião em caráter de urgência. Além disso, pontuou que cobranças seguem sendo feitas ao governo federal em relação à “regularização dos salários e à permanência da Avibras no Brasil, considerando que se trata de uma empresa estratégica para a soberania do país”.
Sobre a empresa Black Storm Military Industries, conforme seu site, ela está localizada na Olaya-Ibn Al-Muhtasib Street, 5087, em Riyadh, capital do Reino da Arábia Saudita (KSA). No Ministério do Comércio, no entanto, não constam informações sobre seus sócios, diretores ou responsáveis. Também não constam telefone ou e-mail de contato. A descrição das atividades comerciais da empresa no “CNPJ” de lá é “medição”, ou seja, a empresa aparentemente não fabrica nada.
SÉRGIO CRUZ