O governo de Bagdá anunciou o envio de tropas iraquianas para Kirkuk, a cidade que é o centro do pólo petroleiro do norte iraquiano e atualmente sob controle da milícia peshmerga do governo de Erbil, e com larga população árabe, turcomana e curda, numa das primeiras reações ao “referendo” convocado pelo regime Barzani, cujo mandato encerrou-se em 2013, mas segue no poder. O regime Barzani utilizou a disseminação do Estado Islâmico para aumentar em 40% o território sob seu controle. Bagdá exigiu ainda que Barzani entregue o controle da fronteira e dos dois aeroportos na região curda.
Agora Barzani diz que o “referendo”, feito sem qualquer controle e fiscalização, seria “consultivo”, para possibilitar abrir negociação com o governo central iraquiano. Desde a primeira campanha militar dos EUA no Golfo, nos anos 1990, o “curdistão” vem operando sob “autonomia”, mesmo com o governo Sadam, o que se aprofundou e agravou com a invasão por W. Bush.
Desde o final da I Guerra Mundial que a questão nacional curda segue sem solução. O governo Sadam concedeu um status de autonomia dentro do Estado iraquiano e respeito ao uso do idioma curdo, cujo ensino e uso era proibido na vizinha Turquia.
O projeto de um “segundo Israel” no Oriente Médio vem sendo repudiado pelos governos da Síria, Iraque, Irã e Turquia – países que abrigam minorias curdas expressivas -, com a Rússia pedindo negociações e respeito à integridade territorial do Iraque e até mesmo Washington sem assumir abertamente o projeto de secessão. Paralelamente ao “referendo”, outra milícia curda com suporte ianque vem encaminhando um enclave curdo no norte sírio. Apenas o governo Netanyahu apoiou o referendo. Na vizinha Turquia, extensa insurgência curda está em andamento, depois que o governo Erdogan rasgou os acordos de convivência.
O governo turco ameaçou intervir militarmente se a secessão se concretizar e cortar a exportação de petróleo, que passa hoje obrigatoriamente por dutos turcos e é vendido principalmente a Israel.