ISO SENDACZ (*)
Ontem tratamos do posicionamento do Presidente do Banco Central do Brasil no enfrentamento à pandemia, registrando sua apresentação online para dirigentes financeiros e clientes da XP Investimentos.
As curvas que delinearam o final do artigo anterior foram objeto de alguns comentários por leitores. De comum, acrescentaram que o seu alongamento, modelo ideal de se obter, permitiria inclusive desenvolver vacinas preventivas e drogas curativas antes de mais gente ir a óbito, além de otimizar o uso dos equipamentos existentes.
Roberto Campos Neto quantificou fatores da economia que podem ser observados desde a janela de cada residência: uma queda acentuada de serviços e bens duráveis e suave de bens de consumo imediato, em parte devida à estocagem feita nos primeiros momentos da crise global.
O que é menos visível, mas de impacto igualmente danoso, foi apresentado no diapositivo da página 9: uma repatriação de capital volátil, de não residentes, cinco vezes maior que o estouro da bolha de 2008.
Quando se autoriza uma banda de ação para o sistema financeiro, os proprietários do capital escolhem sempre a margem que mais lhes favoreça, seja de lucro ou de segurança patrimonial. Por vezes, menosprezando a vida alheia. É nesta hora que o Estado precisa intervir, ditando o que fazer com o dinheiro: salvar vidas é o centro da luta.
(*) Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central e do Instituto Cultural Israelita Brasileiro, membro da direção estadual paulista do Partido Comunista do Brasil. De São Paulo, mora em Santos. Reproduzido do seu blog .