Banco Mundial frauda números para interferir na política chilena

Sede do Banco Mundial em Washington, fundado em 1944 em Bretton Woods, na mesma época da criação do FMI (Foto de divulgação)

Paul Romer, economista-chefe do Banco Mundial reconheceu que o organismo fraudou os dados econômicos do Chile em seu relatório “Fazendo Negócios” (Doing Business). A instituição foi fundada em 1944 em Bretton Woods e é atrelada aos interesses do establishment norte-americano.

De acordo com Romer, as alterações tiveram “motivações políticas” e fizeram com que a posição ocupada pelo Chile caísse constantemente durante o mandato de Michelle Bachelet (2006-2010), subindo durante o mandato de Sebastián Piñera (2010-2014), voltando a cair durante os anos de 2014-2018, com Bachelet novamente na Presidência. Com isso, no período, o Chile flutuou entre o posto de 25º e o 57º no ranking que avalia a “competitividade” dos países “no ambiente de negócios”.

Em publicação do The Wall Street Journal, no sábado (13), Romer chegou a pedir desculpas pela falsificação na tentativa de minimizar os impactos da descoberta. “Quero pedir desculpas pessoalmente ao Chile e a qualquer outro país ao qual possamos ter transmitido uma impressão errada”. Ele também garantiu que as manipulações serão corrigidas e recalculadas.

O economista-chefe do Banco Mundial disse que nos últimos quatro anos a queda dos índices chilenos foi provocada basicamente pela alteração da metodologia de análise – não teve nenhuma relação com o “ambiente de negócios do país”. “Com base nas coisas que estávamos medindo antes, as condições comerciais não pioraram no Chile”. Se a posição do Chile apresentou “volatilidade nesses anos”, essa variação foi “potencialmente contaminada por motivações políticas no Banco Mundial”, assumiu.

A presidente Bachelet, que deixará o cargo em março, afirmou que “alteração prejudica a credibilidade de uma instituição e, dada a gravidade do ocorrido, como Governo pediremos formalmente ao Banco Mundial uma completa investigação”.

O escândalo veio a publico algumas semanas após a realização das eleições presidenciais do Chile, na qual Piñera foi eleito para o período 2018-2022. A derrota do candidato de Bachelet, entre outras coisas, se deve basicamente pelo estelionato eleitoral, já que depois de eleita renegou suas promessas de pôr fim à privatização do ensino e da previdência, implantada por Pinochet.

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