“Linha de crédito entre 12 e 15% ao ano não é linha emergencial”, afirma José Velloso
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, disse na terça-feira (7) que “os bancos estão atrapalhando o país”, ao afirmar que empresários têm reclamado dos altos juros cobrados pelos bancos privados e das dificuldades e exigências impostas por eles às empresas que buscam linhas de créditos emergenciais, criadas para ajudá-las em meio à pandemia do novo coronavírus.
“A gente constata que nos últimos sete anos os bancos tiveram recorde de lucro e a crise só aumentou. Do jeito que está nessa época da pandemia, é provável que os bancos privados apresentem mais uma rodada de recorde de lucro”, declarou Velloso.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinou R$ 5 bilhões para uma linha de crédito para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), por meio dos bancos privados. No entanto, Velloso explica que o custo para empresas terem acesso a esse dinheiro é de 6% TLP – taxa de longo prazo, que é onde o BNDES remunera o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) -, mais 1,25% de spread do BNDES e mais o spread do banco repassador, que pode fazer o spread que quiser
“É o spread cobrado pelos bancos privado que tem encarecido a linha de crédito. Pegamos casos em que os bancos estão cobrando 8%”, afirma Velloso, destacando que a média do custo da linha de crédito está entre 12% a 15% ao ano, somando a TLP e os spreads cobrados pelo BNDES e pelos bancos privados.
Além de criticar o encarecimento dos juros em meio à pandemia, o presidente da Abimaq também afirma que o valor de R$ 5 bilhões disponibilizados pelo BNDES é irrisório. “A gente acha que uma linha com esse custo não é uma linha emergencial. A gente entende que linha emergencial é uma linha para alguém que está sofrendo, que é o infeliz que está com a fábrica parada”, disse Velloso.
Outros anúncios do BNDES englobam outros R$ 30 bilhões, que serão usados para a suspensão temporária de pagamentos de parcelas de financiamento, que serão jogadas para o final do contrato. Desse montante, R$ 19 bilhões são destinados para empréstimos feitos diretamente com o BNDES e outros R$ 11 bilhões para bancos privados.
“NÃO É DINHEIRO NOVO”
Veloso disse que essa iniciativa é boa e que estava entre as sugestões que a Abimaq já tinha feito ao governo, mas ele destaca: “não é dinheiro novo. É dinheiro que eu já peguei no passado e que simplesmente estão me dando uma folga no pagamento”.
Ele lembra ainda que o benefício só está previsto para empresas que não tenham conseguido os empréstimos com a chamada equalização do Tesouro Nacional, uma espécie de subsídio geralmente usado para financiamentos agrícolas.
“Com essa limitação, o benefício vai deixar de fora empresas que fizeram o financiamento entre 2009 e 2016. A medida só vai atender quem fez financiamento fora do agronegócio do início de 2017 para cá”, disse o presidente da Abimaq.